EUA e França são incapazes de provar ataque com gás, diz presidente sírio
O presidente sírio, Bashar al-Assad, concedeu entrevista ao jornal francês "Le Figaro" e o tom foi de desafio aos governos dos Estados Unidos e da França. Ele afirmou à publicação que ambos os países são incapazes de provar o uso de armas químicas por seu governo, contra a população síria, e que tais alegações são ilógicas.
Um ataque com armas químicas, ocorrido no dia 21 de agosto, num subúrbio de Damasco, matou 1.429 pessoas, entre elas 426 crianças, segundo relatório da inteligência americana.
O mandatário sírio também enviou um alerta às nações ocidentais que cogitam uma ação militar em seu país. Segundo ele, uma intervenção militar na Síria provocaria reações e consequências por toda a região. "Um ataque deixaria todo o Oriente Médio, que é um barril de pólvora, em chamas", disse al-Assad, ao jornal. Ele também afirmou que a França se tornaria inimiga da Síria, caso participasse de uma ação militar coordenada com os EUA.
Nesta segunda-feira (2), o embaixador da síria na Organização das Nações Unidas, Bashar al-Jaafari, pediu que a ONU que tentasse impedir qualquer agressão contra seu país.
Obama
O presidente americano, Barack Obama, afirmou, neste sábado, 31, que, apesar de o Exército dos Estados Unidos estar preparado para atacar a Síria, em represália ao uso de armas químicas --o que Obama classificou como grave ameaça à segurança dos EUA e das nações vizinhas ao país do Oriente Médio--, ele só daria a ordem se o Congresso americano desse o aval para isso.
Obama está em contato quase que diário com o presidente da França, François Hollande, discutindo uma provável ação militar na Síria coordenada com o Exército francês.
Nesta segunda, a inteligência francesa, a exemplo da inteligência americana, também afirmou ter provas de que o regime sírio usou armas químicas de destruição em massa contra a população.
ONU
Enquanto isso, o Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) aguarda o relatório dos inspetores do órgão que estiveram na Síria, averiguando se o regime sírio ou os rebeldes insurgentes do país usaram armas químicas contra a população.
Os representantes da ONU já deixaram a Síria e agora se espera pela conclusão dos exames laboratoriais, que devem comprovar o uso desse armamento, considerado um crime de guerra pela organização.
O secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, pediu, no domingo, 1º de setembro, que essa verificação fosse acelerada, para que os resultados fossem divulgados o quanto antes. Segundo a Organização para a Interdição de Armas Químicas, com sede na Holanda, as análises podem demorar cerca de três semanas.
Diante do resultado desses exames os membros do conselho vão decidir o que fazer na região. Rússia e China, membros com direito a veto, têm, invariavelmente, votado contra qualquer sanção ou intervenção militar no país, desde que o conflito entre o Exército sírio e os insurgentes tomou um vulto maior.
O confronto entre as duas forças já dura mais de dois anos e matou mais de 100 mil pessoas, segundo dados da ONU.
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