'É o crime perfeito': o golpe que suga a renda milionária do sertanejo | Podcast UOL Prime #23
O podcast UOL Prime, apresentado por José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira (20) bastidores da reportagem do jornalista Rodrigo Ortega sobre o esquema de roubo em massa de composições sertanejas que usa uma rede de perfis falsos no Spotify.
A história parece mistura de faroeste musical com distopia tecnológica, mas é real e assombra os compositores de Goiânia, de onde saem as músicas mais ouvidas do Brasil.
Você pode ouvir no vídeo acima a íntegra do episódio, baseado na reportagem "Artistas falsos, músicas roubadas: o crime que assombra a música sertaneja", publicada no UOL Prime.
O repórter conta como descobriu o golpe ao conversar com autores de hits sertanejos.
"Comecei a falar com esses compositores. Cada um ia me indicando o outro, e eles falavam: 'Olha, está todo mundo sendo roubado, achando esses perfis fakes e sem saber o que fazer."
A partir dos relatos revoltados, Rodrigo Ortega foi entender o mundo dos cantores fantasmas. É uma rede de 209 perfis de sertanejos que não existem, usados para publicar mais de 444 faixas roubadas.
Essas faixas são 'guias', versões preliminares que os autores tentam vender aos cantores e duplas. Eles suspeitam de 'infiltrados' em grupos de compra e venda de música sertaneja.
O repórter explica as duas brechas para o crime: a primeira é o mercado aberto e sem controle desses bens valiosos que são as composições sertanejas no WhatsApp.
A segunda brecha é a omissão das plataformas de streaming.
"Elas cadastram por dia mais de 120 mil músicas. Então são 83 subindo por minuto, mais de uma por segundo. É impossível controlar", diz Ortega.
Toledo pergunta qual é a dificuldade de criar perfis falsos e ganhar dinheiro com material alheio.
"Olha, não é difícil. Sem querer incentivar o crime, mas constatando o que eu vi após a apuração", responde o repórter.
As músicas roubadas tiveram mais de 28,3 milhões de plays no app, o que pode render R$ 332 mil aos golpistas.
Os compositores ainda perdem R$ 6,6 milhões em valor de venda das músicas e outros possíveis milhões em direitos autorais no caso de serem sucessos.
O repórter também seguiu as tentativas frustradas dos compositores de retirar as faixas roubadas do ar.
"A questão de que é muito fácil colocar uma música lá [nas plataformas de streaming]. O objetivo, tanto do Spotify quanto das agregadoras [empresas que cadastram a faixas] é ter muita música rodando. Mas é difícil tirar."
"É um golpe que une a omissão das 'big techs' com a malandragem brasileira", ele resume.
"O mercado sertanejo é quase uma monocultura no Brasil. É grande, e pode ser comparado ao agro: é uma grande fonte de renda e está sendo ameaçada por uma praga digital, que desvaloriza as suas sementes", compara Ortega.
"São os gafanhotos do sertanejo", brinca Toledo.
"Então é um crime perfeito, porque você tem facilidade para colocar a mercadoria roubada no ar, as pessoas tocam, e com isso estão dando dinheiro para o criminoso", analisa o apresentador.
O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.
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