'Cariani não tinha clareza de que aquilo ia se tornar um caso criminal' | Podcast UOL Prime #37
Do UOL, em São Paulo
26/09/2024 05h30
A reportagem do UOL teve acesso a todos os documentos do processo contra o influenciador Renato Cariani. Além disso, ele também apresentou sua versão em uma entrevista exclusiva.
No centro da polêmica está a empresa de Cariani, a Anidrol, especializada na fabricação e venda de produtos químicos.
A denúncia do Ministério Público, originada de uma investigação da Polícia Federal, aponta que a Anidrol realizou diversas vendas de grandes quantidades de produtos químicos para um representante falso que se passava por funcionário da gigante farmacêutica AstraZeneca.
O podcast UOL Prime, comandado pelo jornalista José Roberto de Toledo, traz nesta quinta-feira uma entrevista com o jornalista Pedro Lopes sobre as acusações contra o influenciador fitness.
Cariani, famoso por seus vídeos sobre saúde e musculação, virou réu em fevereiro por tráfico de drogas.
Você pode ouvir acima a íntegra do episódio, baseado na reportagem especial "Vítima ou chefe? As versões de Cariani e da PF sobre esquema de tráfico", publicada no UOL Prime — seção com notícias exclusivas e o melhor do jornalismo do UOL.
"A empresa do Cariani negociou venda de produtos com representantes de farmacêuticas famosas. A principal delas é a AstraZeneca", revela o repórter Pedro durante o podcast. "os produtos envolvidos eram, ou poderiam ser usados em alguma etapa do processamento de cocaína".
Segundo a PF, a falsa AstraZeneca desviou para o tráfico de drogas mais de 12 toneladas de produtos da Anidrol durante cinco anos, depositando os pagamentos em dinheiro em uma agência bancária. A Polícia Federal estima que a quantidade de produtos químicos adquirida seria suficiente para produzir 15,8 toneladas de cocaína.
A AstraZeneca real só descobriu a fraude após ser notificada pela Receita Federal sobre a existência de dívidas de impostos relacionadas a notas fiscais emitidas pela Anidrol.
A investigação revelou uma conexão preocupante: o suposto representante da falsa AstraZeneca, Augusto Guerra, seria na verdade Fábio Spínola Mota, amigo pessoal de Renato Cariani.
"Era um homem, segundo a Polícia Federal, chamado Fábio Spínola Mota. Ele era amigo pessoal do Renato Cariani e ele fazia manutenção nos carros da empresa do Renato Cariani", diz o repórter a respeito da descoberta da verdadeira identidade do comprador.
A polícia descobriu que um celular usado para acessar o e-mail falso de Guerra pertencia a Mota. Mota chegou a ser preso em maio do ano passado em outra operação da Polícia Federal por suspeita de envolvimento com lavagem de dinheiro para um ex-líder do PCC.
Cariani se defende das acusações alegando ter sido enganado pela falsa AstraZeneca e que não tinha conhecimento da verdadeira identidade de Guerra. A defesa de Mota argumenta que o celular em questão não era de uso exclusivo dele.
A investigação também revelou outras irregularidades, como o uso de CPFs de políticos em alguns depósitos bancários feitos pela falsa AstraZeneca. O caso segue em andamento, com Cariani respondendo em liberdade a acusações de tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro.
O podcast UOL Prime é publicado às quintas-feiras no YouTube do UOL Prime, Spotify, Apple Podcasts, Amazon Music, Deezer e em todas as plataformas de podcast.