Quem tem medo do Tratado Transpacífico?
O anúncio do TTP (Tratado Transpacífico de Livre Comércio), assinado no início do mês pelos Estados Unidos, Japão, Canadá, México, Peru, Chile e seis outros países da região, suscitou controvérsias em várias partes do mundo. Primeiro é preciso observar que a China e a Coréia do Sul, duas das maiores economias do Pacífico, não aderiram ao acordo. A China mantém-se ao largo do TPP, tecendo sua rede de tratados bilaterais e regionais, sobretudo no âmbito do RCEP (Partenariado Econômico Regional).
Negociado desde 2012, o RCEP tem um escopo asiático, incorporando a China, a Índia, a Indonésia, as Filipinas e sete países do TPP, mas excluindo os Estados Unidos, Canadá e os países latino-americanos da costa do Pacífico. A competição entre os dois blocos é óbvia e assumida. Embora a China, a Coreia do Sul e a Índia possam vir a aderir ao TPP, a dimensão ideológica e econômica do enfrentamento planetário sino-americano foi sublinhada na assinatura do Tratado. Na ocasião, o presidente Obama afirmou: "Sem este acordo, os concorrentes que não compartilham nossos valores, como a China, decretarão as regras da economia mundial".
Resta que o RCEP ainda não foi assinado e que o TPP precisa ser ratificado pelo Legislativo de seus países membros. Nos Estados Unidos, o partido do presidente Obama está dividido sobre o assunto. Numa declaração de grande impacto, a senadora e presidenciável democrata Hillary Clinton afirmou opor-se à ratificação do TPP. A oposição americana ao TPP vem dos sindicatos, inquietos sobre as consequências das reduções tarifária no mercado de trabalho nacional, da indústria farmacêutica, prejudicada pelos novos prazos de controle das patentes e, enfim, de setores que denunciam as negociações sigilosas envolvendo o TPP.
No final das contas, os desdobramentos do RCEP e do TPP tenderão a reduzir a integração econômica latino-americana e o próprio papel geopolítico da América Latina no futuro.
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