O cerco ao financiamento do terrorismo do Estado Islâmico
Em agosto do ano passado o então Secretário de Defesa americano, Chuck Hagel, deu uma entrevista em que apontava o Estado Islâmico (EI) como “a maior ameaça” aos Estados Unidos. Mais precisamente, Hagel sublinhava: “Eles combinam a ideologia, uma estratégia e proezas táticas militares, e eles são muito bem financiados”. Sob o impacto dos atentados do dia 13 de novembro em Paris, o último ponto evocado por Hagel voltou à baila: como o EI é financiado?
O texto mais citado sobre o assunto é a transcrição da conferência feita em Washington, no último mês de outubro, por David Cohen, subsecretário do Departamento do Tesouro e responsável pela luta antiterrorista e investigações financeiras. Cohen explicou que o governo americano havia reunido em outubro, em Washington, representantes de 20 países e organizações em outubro para “isolar financeiramente e erodir o EI, a Frente al-Nasru [associada à al-Qaeda na Síria] e o regime ilegítimo de Assad”. Seu relatório diz ainda que a maior parte dos fundos do EI provem da pilhagem e das extorsões exercidas sobre as populações e territórios sob seu controle na Síria e no Iraque. Uma parte bem menor desses fundos é fornecida por doadores dos países sunitas da região. Venda de petróleo e de antiguidades roubadas nos museus e sítios arqueológicos, roubo de bancos e bens de particulares compõem os fundos oriundos da pilhagem. Na tomada de Mossul e de localidades do norte e do oeste do Iraque em 2014, o EI apoderou-se de meio bilhão de dólares em dinheiro líquido, segundo outro relatório do Departamento do Tesouro. Extorsões e taxas impostas aos cerca de 10 milhões pessoas sob o controle do EI no Iraque e na Síria completam as fontes de renda dos terroristas. Reportagens recentes do Washington Post e do Le Monde (reservada aos assinantes) atualizam os dados do Departamento do Tesouro. Notando que os serviços americanos haviam informado que o EI teria um orçamento de 2 bilhões de dólares em 2015, o Le Monde, baseado num documento sobre as receitas mensais do EI no oeste da Síria, calcula a distribuição desse financiamento. Assim, 45% dos fundos saem dos confiscos de bens, 28% da venda de petróleo e 24% das “taxas” extorquidas das populações subjugadas.
No total, os especialistas consideram que as rendas do EI se reduzem por causa da queda do preço do petróleo e de dificuldades na produção dos poços. Porém, o cerco financeiro ao EI está longe de ser fechado. No seu comunicado citado acima, David Cohen diz que entre os alvos do governo americano e seus aliados está também “o regime ilegítimo de Assad”. Ora, como se sabe, ao lado do Irã, a Rússia, é uma das mais constantes defensoras do regime de Damasco. Vale lembrar que a Rússia possui a base naval de Tartus, no litoral sírio , que lhe oferece uma presença militar no Mediterrâneo, velho sonho russo desde os tempos do regime czarista.
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