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Brasil adia definição de proposta para Copenhague

03/11/2009 15h51

O governo brasileiro adiou para o próximo dia 14 a definição da proposta que levará à Conferência da ONU sobre mudanças climáticas, em dezembro, em Copenhague.

A expectativa era de que a decisão fosse anunciada já nesta terça-feira, após uma reunião do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com ministros para discutir o assunto. Ao final do encontro, no entanto, a definição ficou para a semana que vem.

Já há consenso sobre a meta de reduzir em 80% o desmatamento na Amazônia até 2020. Ainda falta, porém, definir a proposta de redução de emissões de gases causadores do efeito estufa.

O Ministério do Meio Ambiente defende a proposta de reduzir em 40% a estimativa de emissão até 2020. A proposta do Meio Ambiente leva em conta previsão de crescimento de 4% na economia brasileira.

Na reunião desta terça-feira, o ministro do Meio Ambiente, Carlos Minc, afirmou que também foram apresentadas opções considerando cenários de crescimento de 5% e 6% ao ano, a pedido da ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff. "Nada está descartado nem definido", afirmou Minc.

"Vamos tomar medidas nas áreas de energia, agropecuária, siderurgia e desmatamento em outros biomas", afirmou a ministra Dilma Rousseff. "Com a soma de esforços, vamos chegar a um número significativo."De acordo com a ministra, no entanto, a definição do próximo dia 14 não incluirá necessariamente números específicos de redução de emissões para cada setor.

"Serão linhas gerais. Não vamos apresentar os números, vamos apresentar as medidas", disse Dilma Rousseff. "Até porque estamos fazendo de forma voluntária, porque achamos que é importante que o Brasil preserve suas características de país sustentável."Divisão A reunião de Copenhague, a Conferência das Partes (COP-15), tem como objetivo chegar a um novo acordo sobre o clima para substituir o Protocolo de Kyoto, que expira em 2012. No entanto, a poucas semanas do encontro, os países permanecem divididos.

Entre as principais divergências está a meta de cortes de emissões de gases poluentes para os países desenvolvidos.

Outro ponto de discórdia é a definição sobre o volume de recursos que as nações ricas deverão destinar para ajudar os países em desenvolvimento a reduzir suas emissões e financiar projetos de adaptação.

Os países ricos, cujas economias sofreram com a crise mundial, enfrentam pressões internas para reduzir gastos. Também argumentam que algumas nações em desenvolvimento mais avançadas teriam condições financeiras para arcar com a maior parte dos projetos.

Os países em desenvolvimento não concordam em contribuir financeiramente. Argumentam que as nações ricas são historicamente as maiores poluidoras e, por isso, deveriam arcar com os custos de adaptação dos países mais pobres.

Na segunda-feira, na abertura da última reunião preparatória para Copenhague, realizada em Barcelona, na Espanha, o secretário-executivo da Convenção do Clima da ONU, Yvo de Boer, afirmou que os próximos dias serão cruciais para a obtenção de um acordo.

O diretor do Departamento do Meio Ambiente do Itamaraty, embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, que é o negociador-chefe da delegação brasileira, embarcaria nesta terça-feira para Barcelona.

Entidades ambientalistas cobram do Brasil uma posição de liderança nas negociações.