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Sulcos em Marte são marcas de 'tobogãs' de gelo seco, dizem cientistas

Pedaços de gelo seco podem ter deslizado pelas dunas marcianas causando sulcos na superfície do planeta - Nasa/JPL-Caltech/Univ.do Arizona
Pedaços de gelo seco podem ter deslizado pelas dunas marcianas causando sulcos na superfície do planeta Imagem: Nasa/JPL-Caltech/Univ.do Arizona

12/06/2013 14h41

Um estudo divulgado em uma publicação científica sugere que algumas ranhuras longas e finas encontradas em pontos da superfície de Marte podem ter sido feitas não por água, mas por blocos de dióxido de carbono congelado, também conhecido como gelo seco.

De acordo com a hipótese dos cientistas, os blocos deslizariam pelas dunas de areia de Marte sobre "almofadas" de gás de dióxido de carbono, como se fossem tobogãs.

Essas marcas estudadas pelos cientistas, chamadas por eles de sulcos lineares, têm uma extensão que varia entre algumas centenas de metros até 2,5 quilômetros.

A hipótese, divulgada na publicação científica Icarus, foi formulada após a análise de imagens da Mars Reconnaissance Orbiter, a sonda da Nasa que busca provas da existência de água em Marte.

Testes

As marcas estavam nas dunas que são cobertas por geada de gelo seco. Durante o inverno no polo sul do Planeta Vermelho, essa camada de gelo seco que pode chegar a um metro de profundidade.

Na primavera, esta camada é sublimada, passando diretamente do estado sólido para o gasoso.

"Os sulcos lineares não se parecem com sulcos na Terra ou outros sulcos em Marte, e este processo não aconteceria na Terra", explicou Serina Diniega, cientista planetária do Laboratório de Propulsão a Jato da Nasa na Cafifórnia e um dos autores da pesquisa.

Para testar a hipótese e constatar se o gelo seco pode deixar este tipo de fissuras, os cientistas pegaram blocos de gelo seco e os fizeram deslizar por dunas de areia nos Estados americanos de Utah e da Califórnia.

Os testes realizados no deserto mostraram que os blocos de gelo repartiram a areia, deixando marcas enquanto deslizavam pelas dunas.

Apesar de esta experiência não levar em conta a pressão e a temperatura de Marte, os pesquisadores acreditam que os blocos de gelo poderiam se comportar de forma semelhante em Marte.

Além disso, os cientistas acreditam que os sulcos marcianos seriam diferentes se tivessem sido criados por água. Nesse caso, a água carrega "sedimentos pela colina abaixo, e o material erodido do topo é levado para o fundo e depositado em (uma formação) com o formato de um leque", afirmou Diniega.

"Com os sulcos lineares, você não está transportando material. Você está esculpindo uma ranhura, empurrando o material para os lados", acrescentou.

Diferentes sulcos

Outra autora do estudo, Candice Hansen, do Instituto de Ciência Planetária da cidade de Tucson, no Estado americano do Arizona, afirmou que as ranhuras pesquisadas são únicas - e podem ser confundidas com outras encontradas no próprio planeta.

"A Mars Reconnaisance Orbirter está mostrando que Marte é um planeta muito ativo. Alguns dos processos que observamos em Marte são parecidos com os processos da Terra, mas este está na categoria dos (processos) exclusivos de Marte."

"Existe uma variedade de características em Marte que, às vezes, são colocadas juntas como 'sulcos', mas elas são formadas por processos diferentes", acrescentou.

"E apenas pelo fato de esta hipótese do gelo seco parecer uma boa explicação para um tipo (de sulco), não significa que possa ser aplicada para outras", disse.