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Tecnologia deixa humanos com atenção mais curta que de peixinho dourado, diz pesquisa

Peixes dourados em mercado do Kuwait - Yasser al-Zayyat/AFP
Peixes dourados em mercado do Kuwait Imagem: Yasser al-Zayyat/AFP

16/05/2015 12h04

Uma pesquisa realizada pela Microsoft sugere que o tempo de atenção dos seres humanos já é mais curto que o dos peixinhos dourados - e isto pode ser culpa da tecnologia.

A pesquisa foi feita no Canadá e envolveu 2 mil pessoas que responderam a perguntas e participaram de jogos online para avaliar sua capacidade de concentração.

Os pesquisadores também realizaram exames de eletroencefalogramas em outros 112 voluntários canadenses para monitorar sua atividade cerebral.

Segundo a conclusão da pesquisa, a capacidade de concentração dos humanos está sendo reduzido por impacto dos dispositivos portáteis e das mídias digitais.

No ano 2000, a capacidade de atenção humana era, em média, de 12 segundos. Em 2013, esta capacidade caiu para oito segundos - um segundo atrás da capacidade de atenção média estimada por cientistas de um peixinho dourado.

Três categorias

Os pesquisadores fizeram perguntas aos voluntários e pediram que eles participassem de jogos criados para medir a capacidade de atenção. A partir das respostas e resultados, os participantes da pesquisa foram divididos em três categorias: alta, média e baixa capacidade de concentração.

Já os exames de eletroencefalograma foram realizados enquanto os voluntários assistiam a vários tipos de mídia e participavam de várias atividades. Os pesquisadores então analisavam quando a atenção destes voluntários passava de um assunto para outro.

Na pesquisa, os voluntários que usavam dispositivos digitais além da média tendiam a apresentar mais dificuldades para se concentrar em situações onde a atenção era mais exigida.

"Canadenses com um estilo de vida mais digital (aqueles que consomem mais mídia, consultam várias telas ao mesmo tempo, entusiastas de mídias sociais e os que adotaram a tecnologia mais cedo) têm dificuldade de se concentrar em ambientes onde atenção prolongada é necessária. Por quê? Devido à adrenalina do que é novo", escreverem os pesquisadores.

Os que adotaram estas tecnologias mais cedo na vida, ou que as usam de forma mais constante, aprenderam com o tempo a permitir que grandes quantidades de informação fossem processadas antes de mudar o foco de atenção para outra coisa. O resultado é que, nestes casos, o nível alto de concentração aumenta em picos.

"Eles são melhores para identificar (os temas) com que querem ou não querem se envolver e precisam de menos tempo para processar e alocar coisas na memória", acrescentaram os pesquisadores.

Por outro lado, as pessoas que tendem a usar várias telas ao mesmo tempo - como aquelas que usam o celular enquanto assistem à televisão ou olham para outra tela - tendem a ter dificuldade para filtrar a informação que chega por estes dispositivos digitais.

A notícia tranquilizadora dada pelos pesquisadores é que nossos cérebros podem estar se adaptando às novas tecnologias - e uma capacidade de atenção mais curta pode ser simplesmente um efeito colateral normal.