Topo

Reinaldo Azevedo

OPINIÃO

Texto em que o autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, a partir da interpretação de fatos e dados.

Coluna na Folha: Guedes cobra que o STF o ajude a combater as oposições

Cartazes na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo e do Brasil, chamam Paulo Guedes de "loser" (perdedor), um justo reconhecimento à sua obra - Bruno Santos/Folhapress
Cartazes na Faria Lima, centro financeiro de São Paulo e do Brasil, chamam Paulo Guedes de "loser" (perdedor), um justo reconhecimento à sua obra Imagem: Bruno Santos/Folhapress

Colunista do UOL

17/09/2021 06h15

Receba os novos posts desta coluna no seu e-mail

Email inválido

Paulo Guedes pode ser tão virulento como Jair Bolsonaro. Eventualmente mais, já que os patógenos políticos e ideológicos que vão em sua mente têm um pouco mais de bibliografia. Menos, é certo, do que ele dá a entender. Não importam, como se sabe, os volumes que se leram, mas o que se reteve do que foi lido. A metáfora é óbvia: traças também devoram livros e não viram Schopenhauer.
(...)
A PEC dos precatórios é, por óbvio, um calote. Existe o risco objetivo de que o Supremo a declare inconstitucional se aprovada pelo Congresso. Assim, em seminário para pessoas de fino trato, Guedes dirigiu a Fux um "pedido desesperado de socorro". Simulava o padrão de um homem do diálogo. Ali, não era o caso de excitar e incitar a turba. O tom mudaria radicalmente, no entanto, numa entrevista poucas horas depois. Aí, falando à militância, mandou bala: "Curiosamente, [os precatórios] caem sobre nosso governo e [vão] para dois ou três estados que são oposicionistas. É evidente que não vou achar que é a politização da Justiça. Não vou achar. Não posso acreditar nisso, mas eu tenho que pedir ajuda ao Supremo".

Ele se referia a Ceará, Bahia e Pernambuco, que não são formados por "oposicionistas", mas por cearenses, baianos e pernambucanos. Bolsonaro não anda muito popular por lá e em lugar nenhum. O truque retórico é primário, vulgar. Obviamente, está sugerindo, ainda que o negue de modo irônico, a existência de uma ação concertada da Justiça em benefício das oposições. Logo, o apelo de Guedes a Fux se esclarece: está pedindo, de forma "desesperada", que o Supremo seja parceiro no calote a estados governados por oposicionistas. A lógica embutida na formulação delinquente é dele, não minha.
(...)
Íntegra aqui.