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Cerca de 5 milhões vivem em área de risco no Brasil, diz Mercadante; sistema de alerta deve ficar pronto em 4 anos

Camila Campanerut <br>Do UOL Notícias <br>Em Brasília

17/01/2011 13h37Atualizada em 17/01/2011 20h06

Após reunião com a presidente da República, Dilma Rousseff, o ministro de Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, afirmou nesta segunda-feira (17) que o governo estima que existam cerca de cinco milhões de brasileiros vivendo em 500 áreas de risco em todo país. Além destas, outras 300 áreas são suscetíveis a inundações, mas o ministro não soube precisar quantas pessoas vivem nestas localidades.
 
A previsão de Mercadante é em que, em quatro anos, o sistema integrado de prevenção e alerta esteja funcionando. “Mas já esperamos respostas para o próximo verão. Vamos implantar pelo menos nas áreas mais críticas”, completou.

“Nós já temos um sistema bastante eficiente, que é feito por satélite. Vamos aprimorar a plataforma de coleta [de informações]. Já temos alguns radares, mas temos que ampliar a rede. Para saber quanto é a chuva, nós vamos ampliar a rede de pluviômetros”, detalhou o ministro.

Segundo ele, com o novo “supercomputador”, será possível fazer um mapeamento mais detalhado, que diminui de 20km² para 5km2 o raio de detalhamento das regiões analisadas.

“Precisamos aprimorar o levantamento geofísico, ter uma visão em regiões menores, de forma mais localizada e assertiva”, disse. Além disso, mais 700 pluviômetros serão instalados e todos esses dados serão reunidos e padronizados em nível nacional.    

O valor que será investido no projeto não foi informado pelo ministro, que disse que precisaria acertar os detalhes com os ministros do Planejamento e da Fazenda.

Caso a pasta não tenha recursos do próprio orçamento para executar tais ações, não está descartada a possibilidade de abertura de crédito extraordinário.

A coordenação do sistema ficará a cargo de ex-diretor do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Carlos Nobre. O sistema contará com o apoio da Universidade Federal de Santa Catarina, o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas) de São Paulo e o Geo-Rio (Instituto de Geotécnica do Município do Rio de Janeiro).

Por determinação da presidente, na próxima quarta-feira (19), os ministros da Integração Nacional, Fernando Bezerra, da Defesa (Nelson Jobim) e da Justiça (José Eduardo Cardozo), devem voltar ao Rio de Janeiro para verificar as regiões afetadas pelas chuvas para identificar os próximos passos da ação integrada com o Estado e os municípios prejudicados com as enchentes e desabamentos.

Balanço de mortes

Às vésperas de completar uma semana de buscas, uma das maiores tragédias climáticas do país soma nesta segunda-feira (17) 646 mortes.

Os corpos foram resgatados nas cinco cidades mais afetadas da região serrana fluminense. Os números são da Polícia Civil do Estado e apontam 298 mortes em Nova Friburgo, 269 em Teresópolis, 56 no distrito de Itaipava e na comunidade de Brejal, em Petrópolis, 19 em Sumidouro e 4 em São José do Vale do Rio Preto. A polícia e a Prefeitura de Teresópolis haviam informado, no final da manhã, que seriam 271 mortes na cidade, mas o número foi corrigido.

Também atingida pela enchente na região, a pequena cidade de Areal, com cerca de 10 mil habitantes, teve cerca de 800 desabrigados e pelo menos 80 casas destruídas, mas nenhuma pessoa morta, informou a prefeitura. Isso foi possível graças a um alerta enviado na quarta-feira (12) no carro de uma rádio comunitária, que espalhou uma mensagem gravada pelo prefeito Laerte Calil pedindo que a população das margens de rios evacuasse a cidade. Bom Jardim, outra cidade afetada, também não teve registro de mortos.

Cidades mais atingidas pelas chuvas no RJ