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Operação da Polícia Militar no centro de São Paulo já apreendeu 9.800 pedras de crack

Do UOL, em São Paulo

16/01/2012 18h45Atualizada em 16/01/2012 19h43

De acordo com o último boletim divulgado pela Polícia Militar de São Paulo, foram realizadas 5.614 abordagens policiais na operação para coibir o consumo e tráfico de drogas na cracolândia, região central de São Paulo. A PM também apreendeu 3,275 kg, ou cerca de 9.800 pedras (total apreendido apenas na região da Nova Luz), 15,159 kg de cocaína  e 42,524 kg de maconha.

Até esta segunda-feira (16), 109 pessoas foram detidas, incluindo 43 condenados pela Justiça. Houve também 94 flagrantes, incluindo ato infracional, quando ocorre infração cometida por criança ou adolescente.

O boletim também informa que 1.165 pessoas foram encaminhadas para abrigos, 266 foram atendidas por serviços de saúde, com 80 internações e nove encaminhamentos para hospitais. Cerca de 107,8 toneladas de lixo foram recolhidas das ruas na região da  cracolândia.

Churrascão

O coletivo Dar (Desentorpecendo a Razão), movimentos sociais, moradores, frequentadores e comerciantes da região central de São Paulo realizou neste sábado (14), o "churrascão da gente diferenciada" na rua Helvétia esquina com a rua Dino Bueno, na cracolândia.

A ação é uma reação à operação na região da cracolândia. “O churrascão é uma reação bem humorada e bem organizada para mostrar que nem todos concordam com a mera expulsão dos dependentes da região como meio de solucionar o problema das drogas: um problema de natureza muito mais complexa do que aquilo com que o tratamento policial, comprovadamente, pode lidar”, explicam os organizadores no blog Luz Livre.

Para o coletivo DAR, a ação da PM não oferece alternativas razoáveis aos dependentes e desrespeita os direitos humanos. Na página do evento no Facebook, o grupo classifica a ação como “higienismo, preconceito e segregação”.

"O modo como a ação policial está agindo com os dependentes que frequentam essa região vai contra o trabalho que ONGs realizam há anos com essas pessoas. Os dependentes estão machucados e feridos", afirmou Bruno Ramos Gomes, presidente da ONG Centro de Convivência É de Lei, que realiza desde 2003 um trabalho na cracolândia e participa da organização do "churrascão".

Localização da cracolândia

  • Arte UOL

Críticas à ação

As críticas à operação Centro Legal vêm crescendo e, no último dia 10, o Ministério Público de São Paulo instaurou um inquérito civil para apurar os objetivos, responsabilidades e eventuais atos de violência praticados na ação integrada pela Polícia Militar.

Segundo os promotores de Habitação, Direitos Humanos (Inclusão Social e Saúde) e da Infância e Juventude, a ação foi desarticulada porque não ofereceu aos dependentes químicos expulsos da cracolândia nenhum atendimento baseado nos eixos saúde-assistência social-educação-moradia-segurança. “O tráfico de drogas é uma questão de polícia, mas o dependente químico, não. O dependente é uma questão de assistência social e saúde”, enfatizaram os promotores em entrevista coletiva concedida na terça-feira (10).

A Defensoria Pública de São Paulo informou na quarta-feira (11) que já coletou 32 denúncias de abusos cometidos durante a operação policial, segundo reportagem da Folha.

Segundo o coordenador do núcleo de Direitos Humanos do órgão, Carlos Weis, são casos "exemplificativos" de como a Polícia Militar e a Guarda Civil Metropolitana estão agindo. Para ele, os métodos das corporações são "absolutamente exacerbados, em face das pessoas, que são pobres, miseráveis e desarmadas".

Já a Secretaria de Segurança Pública alega que a ação é acertada, e não tem prazo para terminar. (Com reportagem de Bia Rodrigues, de São Paulo)