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Dupla que matou jornalista em Ponta Porã (MS) fez 12 disparos e não roubou nada

O jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, foi morto em Ponta Porã (MS) - Leo Veras/Mercosulnews
O jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, foi morto em Ponta Porã (MS) Imagem: Leo Veras/Mercosulnews

Celso Bejarano

Do UOL, em Campo Grande

13/02/2012 21h44

Até o início da noite desta segunda-feira (13) a polícia ainda não tinha pista das duas pessoas que ocupavam uma motocicleta e mataram o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, em frente ao hotel Frontier, área central de Ponta Porã (MS), na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.

A vítima foi morta com nove tiros –e não cinco, como divulgado antes pela polícia– enquanto dirigia seu carro, um Fiat Idea, e nada de valor foi levado pelos criminosos.

Rocaro era editor-chefe do “Jornal da Praça” e dono do site de notícias Mercosulnews. Ele tinha uma coluna sobre política e também escrevia sobre tráfico de drogas.

A mulher dele, Nilda Cardoso, 49, seguia de carro a poucos metros do marido. Segundo o delegado que investiga o caso, Clemir Vieira Júnior, ela teria ouvido os estampidos, parado o veículo e corrido até o marido com quem trocou algumas palavras. Rocaro foi socorrido, mas morreu cinco horas após ter sido baleado.

Os atiradores teriam encostado a motocicleta ao lado do carro do jornalista que, em movimento, foi atingido por nove dos 12 tiros deflagrados. Para o delegado, os homens, que usavam capuzes e fugiram para o Paraguai, seriam pistoleiros profissionais.

Apenas uma rua separa Ponta Porã de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O delegado disse que já teve acesso às câmeras do hotel onde ocorreu o crime, mas os equipamentos captam somente imagens da calçada, não da rua.

Rocaro, que era pai de dois filhos, fundou o Partido dos Trabalhadores no município e era membro da Academia de Letras de Ponta Porã.

Ontem, o jornalista e a mulher passaram o dia na casa do ex-prefeito da cidade, Vagner Piantoni, também petista. Piantoni disse a UOL que o jornalista foi até a sua casa na hora do almoço, e lá ficou até por volta das 23h. “Por duas ocasiões ele saiu, uma para comprar cigarros e outra para pegar um jornal. Demorou uma hora em cada saída”, disse o ex-prefeito, amigo do jornalista por 25 anos.

Piantoni afirmou não ter ideia de quem poderia ter matado o jornalista. “Tudo o que ele escrevia era objetivo, sem entrelinhas. Não sei, pode ser uma pequena coisa, ou não.”

Para o delegado que cuida do caso, nenhuma hipótese está descartada. O corpo do jornalista será enterrado amanhã pela manhã.

Este é o segundo crime contra jornalistas registrado na última semana. Mário Randolfo Marques Lopes e sua namorada, Maria Aparecida Guimarães, foram mortos a tiros na madrugada da última quinta-feira (9) em Barra do Piraí (RJ).

Lopes era editor do site "Vassouras na NET", no qual denunciava juízes, policiais e políticos. Entidades internacionais pedem uma investigação profunda para o caso