Dupla que matou jornalista em Ponta Porã (MS) fez 12 disparos e não roubou nada
Até o início da noite desta segunda-feira (13) a polícia ainda não tinha pista das duas pessoas que ocupavam uma motocicleta e mataram o jornalista Paulo Roberto Cardoso Rodrigues, 51, em frente ao hotel Frontier, área central de Ponta Porã (MS), na fronteira de Mato Grosso do Sul com o Paraguai.
A vítima foi morta com nove tiros –e não cinco, como divulgado antes pela polícia– enquanto dirigia seu carro, um Fiat Idea, e nada de valor foi levado pelos criminosos.
Rocaro era editor-chefe do “Jornal da Praça” e dono do site de notícias Mercosulnews. Ele tinha uma coluna sobre política e também escrevia sobre tráfico de drogas.
A mulher dele, Nilda Cardoso, 49, seguia de carro a poucos metros do marido. Segundo o delegado que investiga o caso, Clemir Vieira Júnior, ela teria ouvido os estampidos, parado o veículo e corrido até o marido com quem trocou algumas palavras. Rocaro foi socorrido, mas morreu cinco horas após ter sido baleado.
Os atiradores teriam encostado a motocicleta ao lado do carro do jornalista que, em movimento, foi atingido por nove dos 12 tiros deflagrados. Para o delegado, os homens, que usavam capuzes e fugiram para o Paraguai, seriam pistoleiros profissionais.
Apenas uma rua separa Ponta Porã de Pedro Juan Caballero, no Paraguai. O delegado disse que já teve acesso às câmeras do hotel onde ocorreu o crime, mas os equipamentos captam somente imagens da calçada, não da rua.
Rocaro, que era pai de dois filhos, fundou o Partido dos Trabalhadores no município e era membro da Academia de Letras de Ponta Porã.
Ontem, o jornalista e a mulher passaram o dia na casa do ex-prefeito da cidade, Vagner Piantoni, também petista. Piantoni disse a UOL que o jornalista foi até a sua casa na hora do almoço, e lá ficou até por volta das 23h. “Por duas ocasiões ele saiu, uma para comprar cigarros e outra para pegar um jornal. Demorou uma hora em cada saída”, disse o ex-prefeito, amigo do jornalista por 25 anos.
Piantoni afirmou não ter ideia de quem poderia ter matado o jornalista. “Tudo o que ele escrevia era objetivo, sem entrelinhas. Não sei, pode ser uma pequena coisa, ou não.”
Para o delegado que cuida do caso, nenhuma hipótese está descartada. O corpo do jornalista será enterrado amanhã pela manhã.
Este é o segundo crime contra jornalistas registrado na última semana. Mário Randolfo Marques Lopes e sua namorada, Maria Aparecida Guimarães, foram mortos a tiros na madrugada da última quinta-feira (9) em Barra do Piraí (RJ).
Lopes era editor do site "Vassouras na NET", no qual denunciava juízes, policiais e políticos. Entidades internacionais pedem uma investigação profunda para o caso.
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