PM entra no Ceagesp sob tensão, em segundo dia de protestos em SP

Caminhoneiros e carregadores impedem na manhã desta quinta-feira (29) a entrada de caminhões na Ceagesp (Companhia de Entrepostos e Armazéns Gerais de São Paulo). É o segundo dia de manifestações: ontem (28), terminou sem acordo uma reunião entre comerciantes e representantes da Ceagesp, na sede da companhia, na Vila Leopoldina (zona oeste de SP).

Por volta das 11h, a tensão aumentou. Com a reunião entre o sindicato dos permissionários e a diretoria da companhia em andamento, a Polícia Militar --presente do lado de fora do local desde manhã-- acordou com permissionários que o Portão 3 ficará aberto, mesmo que não entre nenhum veículo. Eles conversam sobre a taxa de estacionamento que causou as paralisações de ontem e de hoje.

Os veículos que entram são enxotados pelos manifestantes. Um caminhoneiro que conseguiu entrar mais cedo no complexo teve o vidro da frente de seu veículo quebrado. Com equipe tática e batalhão de choque fortemente armados, viaturas da PM entraram no Ceagesp e acompanham a movimentação dos permissionários.

Os manifestantes fecharam todos os portões do Cegaesp e estão diante deles, impedindo a entrada de qualquer veículo. Os permissionários dizem que não são contra o protesto, mas reclamam de não conseguirem trabalhar.

"Já tem distribuidor de supermercados nos ligando dizendo que está faltando produto", diz a permissionária Carina Fortes, 30, que tem uma banca de laranjas no Ceagesp. A irmã dela, Cláudia Fortes, 43, diz que o fechamento dos portões é um ato não só de entregadores, mas também de pessoas que não tem a ver com o movimento. "Ontem foi uma manifestação pacífica, mas hoje tem, gente infiltrada no meio, forçando essa situação".

Cancelamento de edital

A Associação dos Permissionários do Entreposto de São Paulo (Apesp) afirma que os comerciantes querem o cancelamento de um edital de licitação marcada para segunda-feira (2) e que permitirá a terceirização do controle das áreas de carga e descarga da estatal.

Os permissionários ouvidos pelo UOL reclamam que o presidente da Ceagesp, Mauro Mauricy, se recusa a dialogar com os trabalhadores.

Cláudia afirma ainda que os permissionários pagam caro o aluguel e não veem benefícios. "Nossa linha telefônica é da década de 60, não conseguimos ter internet. Só que o presidente não quer conversa, quer impor a ditadura dele". Ela diz pagar R$ 8.300 mensais de aluguel em sua banca de laranjas, além de 12% desse valor a título de taxa de manutenção.

Segundo dia de protestos

Ontem, os comerciantes protestaram contra o novo sistema de controle do estacionamento e da segurança do local, que deverá cobrar R$ 4 por hora para utilitários e pequenos caminhões. Veículos maiores pagarão R$ 5. Com a manifestação, a circulação de caminhões no local chegou a ficar parada.

A Ceagesp alega que a criação de uma taxa fará com que o entreposto obtenha recursos para a instalação de um sistema de câmeras de segurança e de controle de circulação no pátio. O novo sistema é uma exigência do Ministério Público de São Paulo, que investiga prostituição infantil no local.

* Colaborou Fábio Luís de Paula, do UOL, em São Paulo.