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Motorista que causou acidente com morte de grávida em Cerro Largo (RS) era amigo da família

Lucas Azevedo

Do UOL, em Porto Alegre

24/04/2012 06h01

O acidente que acabou com a morte de duas pessoas –sendo uma delas uma grávida de oito meses a caminho do hospital para dar à luz– foi causado por um amigo da família. O caso aconteceu no início da manhã do último sábado (21) na pequena cidade de Cerro Largo (498 quilômetros de Porto Alegre), no noroeste gaúcho.

As vítimas, o marceneiro Mário Theobald, 52, e sua cunhada Leocardi Martins Ferraz, 27, estavam em um veículo com mais três pessoas, quando foram atingidos de frente por um carro desgovernado em uma curva de acesso à rodovia BR-392, em direção à cidade vizinha de São Luiz Gonzaga, onde a mulher daria à luz. O bebê também morreu no acidente.

O motorista do carro que causou a colisão é Ivo Bohnenberger, 50, mecânico da Prefeitura de Cerro Largo e amigo da família. Ivo tinha deixado, minutos antes, um bar próximo à rodovia –lugar que costumava frequentar desde que se separou da mulher. Segundo um amigo, Ivo vivia sozinho, longe dos filhos, e “andava desnorteado”. Após ser examinado, foi constatado que ele possuía 0,89 gramas de álcool por litro de ar expelido, índice superior ao máximo permitido (0,6 gramas).

Ivo foi socorrido com ferimentos leves e encaminhado ao hospital da cidade. A mulher de Mário e irmã de Leocardi, Jane Beatriz Hoffmann Martins, 44, e a filha do casal, Tamires Martins Theobald, 10, foram internadas com ferimentos. Jones Alves, 25, marido de Leocardi, quebrou um braço. 

O caso gerou comoção na cidade de Cerro Largo. “É uma tristeza muito grande perder um irmão brutalmente. É o tipo de coisa que só poderia ter acontecido por causa da bebida. O Ivo era o melhor amigo da gente. Sempre nos ajudando quando precisávamos, que nunca deixava a gente na mão. Éramos amigos de coração”, relatou  João Theobald, irmão de Mário. “Meu irmão não volta mais. Mas o que vai se fazer? É a lei de Deus. O perdão sempre existe. Sempre temos que perdoar. Não tenho nada contra ele [Ivo], mas é muito chocante.”

Depois de liberado do hospital, ainda na noite de sábado, Ivo Bohnenberger foi levado à delegacia, onde ficou calado, e depois foi encaminhado ao presídio municipal. Ele foi liberado horas depois, já que o juiz Carlos Eduardo de Miranda Faraco considerou que, apesar do flagrante, não cabia prisão preventiva. O mecânico foi liberado com a condição de se apresentar às autoridades quando solicitado. Sua carteira de habilitação foi suspensa por seis meses.

Procurado pela reportagem, Ivo afirmou, por telefone, que estava fora da cidade e que não se manifestaria sobre o assunto. Um dia depois do acidente, sua casa amanheceu pichada com a palavra “assassino”.