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Milícias da zona oeste do Rio são os próximos alvos das UPPs, diz Cabral

Hanrrikson de Andrade

Do UOL, no Rio

06/06/2012 21h29

O governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (PMDB), afirmou que a política das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora) chegará em breve "a toda a zona oeste", região da capital fluminense que possui vários bairros controlados pela máfia das milícias --grupos paramilitares que exploram serviços clandestinos de distribuição de gás, TV por assinatura, entre outros.

Em seu discurso no evento de inauguração do BRT Transoeste, apelidado de "Ligeirão", nesta quarta-feira (6), em Santa Cruz, o chefe do Executivo fluminense fez questão de enfatizar que as forças de segurança do Rio enfrentarão "traficantes e milicianos". A Transoeste faz a conexão entre a Barra da Tijuca e Campo Grande, e é o primeiro dos quatros corredores exclusivos de ônibus planejados para os Jogos Olímpicos de 2016.,

"Não se tinha ideia de como eles [moradores] viviam o dia-a-dia das suas comunidades [antes das UPPs]. Se tinha um marginal ou um vagabundo tomando conta da comunidade, determinando como ele tinha que morar. Da mesma forma como chegamos ao Batan, na zona oeste, nós vamos chegar com as UPPs em toda a zona oeste da cidade do Rio de Janeiro. Para enfrentar traficantes e milicianos. É importante deixar isso claro aqui", afirmou.

Nos últimos anos, a política de pacificação implementada na gestão do governador vem sofrendo críticas de alguns setores da sociedade por supostamente priorizar determinadas regiões da cidade, e não dar a devida atenção ao problema das milícias que se espalham pelos bairros da zona oeste desde 2005.

A principal voz nesse sentido é a do deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL), pré-candidato à Prefeitura do Rio. Segundo o parlamentar, a política das UPPs segue "um projeto de cidade olímpica" que não contempla as regiões controladas por milicianos, pois estes configuram "o crime por dentro do Estado".

Cabral aproveitou a maior parte de seu discurso para enaltecer a gestão do prefeito Eduardo Paes (PMDB) --a quem classificou como o "melhor prefeito da história do Rio" e que será candidato à reeleição em outubro deste ano.

"O prefeito Eduardo Paes tem sido o maior parceiro da segurança pública no Rio de Janeiro. Em todas as UPPs que estão sendo instaladas nas comunidades, quem paga a gratificação é o Eduardo Paes", afirmou.

A zona oeste da cidade abrange uma área com mais de 40 bairros e corresponde a cerca de dois terços da população carioca. Durante o evento de inauguração do Ligeirão, o prefeito Eduardo Paes fez o discurso mais longo, e agradeceu aos representantes da zona oeste a expressiva votação que ele teve nas eleições municipais de 2008.

"Quem me elegeu prefeito dessa cidade, eu tenho que confessar, foi esse povo aqui da zona oeste. Foi essa gente que acreditou em mim e fez com que eu chegasse lá", afirmou Paes.

Cabo eleitoral de peso

Em clima de campanha eleitoral durante a inauguração do Ligeirão, o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que "vale a pena" pedir voto para o prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes, candidato à reeleição nas eleições municipais de outubro e ex-desafeto do PT. Em 2005, quando estava no PSDB, Paes foi um dos mais combativos integrantes da oposição durante o escândalo do mensalão.

Mesmo com a voz fraca em função do tratamento contra um câncer na laringe, Lula fez questão de discursar em favor de Paes na inauguração do BRT (Bus Rapid Transit) Transoeste, na zona oeste da cidade.

"Confesso a vocês que, por não conhecer [o prefeito Eduardo Paes, em 2008], eu tinha dúvidas. Mas fui convencido de que eu deveria apostar na figura. Hoje eu posso dizer para vocês que valeu a pena pedir votos para Eduardo Paes. E posso dizer que eu farei isto agora em 2012, só que com muito mais convicção", disse.

"Eu, que frequento o Rio de Janeiro desde 1975, posso afirmar que a cidade nunca viveu um momento como este que está vivendo. (...) Valeu muito a pena o voto que vocês [da zona oeste] deram para o Eduardo Paes [em 2008]. Assim como vale a pena ver o reconhecimento do Paes dizendo que a eleição dele se deve ao povo da zona oeste", completou o ex-presidente.

Na semana passada, Lula participou do "Programa do Ratinho", onde fez campanha para Fernando Haddad, pré-candidato do PT à Prefeitura da capital paulista. A aparição da dupla na TV gerou protesto de partidos da oposição.

De acordo com a Lei das Eleições (Lei nº 9.504/1997), os candidatos às eleições municipais só podem fazer campanha a partir do dia 6 de julho do ano do pleito.