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Motorista que avançou sobre ciclistas em Porto Alegre deve ir a júri popular

Do UOL, em Porto Alegre

15/06/2012 14h11

O motorista que avançou sobre um grupo de ciclistas em fevereiro de 2011, em Porto Alegre, deve ir a júri popular. A decisão é da juíza da 1ª Vara do Júri da capital gaúcha, Carla Fernando De Cesaro. Ricardo Neis, 48 anos, deve ser julgado por 17 tentativas de homicídios qualificados. Seus advogados podem recorrer da decisão.

Conforme a juíza, a tese da defesa deve ser analisada pelos jurados, a qual sustenta que uma atitude agressiva dos ciclistas – que interromperam o trânsito durante um passeio e que, após a manifestação de Neis, o teriam ameaçado – teria levado o motorista ao desespero.

Segundo seu depoimento, o funcionário do Banco Central, que estava acompanhado de um filho pequeno, tentou escapar acelerando do cerco de alguns participantes que bateram em seu veículo.

“Neste momento processual não se faz irrefutável a ausência de intenção de matar”, afirmou a magistrada em seu despacho, salientando que não é possível excluir que a ação de Neis teve o objetivo de matar, o que o dispensaria do juri.

“Vamos entrar com todos os recursos cabíveis para recorrer dessa decisão. O conjunto probatório, com filmagens e perícia, pedidos pela defesa, não foram concedidos pela juíza, o que nos prejudicou. Além disso, outra dificuldade que enfrentamos é o fato de que o processo passou por oito juízes, nos impedindo de manifestarmos nossa defesa a todos”, destacou o advogado de Neis, Marco Alfredo Mejia.

O caso

O atropelamento ocorreu no fim da tarde do dia 25 de fevereiro de 2011, na rua José do Patrocínio, no bairro Cidade Baixa, em Porto Alegre. Neis avançou sobre um grupo de ciclistas que participavam de um passeio organizado pelo movimento Massa Crítica, que defende um trânsito com menos automóveis.

Pelo menos nove pessoas tiveram de ser atendidas no Hospital de Pronto Socorro com escoriações. Neis, que alegou ter discutido com os ciclistas, fugiu do local sem prestar socorro às vítimas e se apresentou à polícia três dias depois.

No mesmo dia, a 1ª Vara do Júri decretou sua prisão. Naquele momento, ele havia sido internado em um hospital psiquiátrico. Dias depois, ele foi encaminhado ao Presídio Central de Porto Alegre, onde ficou preso até o mês seguinte, quando foi liberado por habeas corpus. Desde então ele está em liberdade e com a CNH suspensa.