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Fogo atinge parque da Serra da Canastra há seis dias; há incêndios em dez APAs de Minas Gerais

Fogo atinge Serra da Canastra, em Minas Gerais, desde o último dia 6 de setembro - Divulgação/ ICMBio
Fogo atinge Serra da Canastra, em Minas Gerais, desde o último dia 6 de setembro Imagem: Divulgação/ ICMBio

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

12/09/2012 10h49

A Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável de Minas Gerais registra dez incêndios em áreas de preservação ambiental estaduais e federais no Estado. A situação mais preocupante é a do Parque Nacional da Serra da Canastra, onde desde o último dia 6, focos de incêndio consomem a vegetação do local, localizado no município de São Roque de Minas (320 km de Belo Horizonte).

De acordo com Christian Berlink, coordenador de emergências ambientais do Instituto Chico Mendes de Preservação da Biodiversidade (ICMBio), estima-se que o fogo já tenha consumido boa parte da vegetação da unidade de preservação, que conta com área total de 71 mil hectares, caracterizado pelo bioma de Cerrado e abriga a nascente do rio São Francisco, de acordo com o instituto. A mensuração da área atingida pelas chamas ainda não foi feita.

No local, conforme Berlink, vários incêndios considerados criminosos vêm sendo praticados há pelo menos dois meses. Ao todo, cem homens, compostos por brigadistas do parque e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Renováveis (Ibama), além de homens do Corpo de Bombeiros de Minas Gerais, tentam debelar as chamas com o auxílio de quatro aviões preparados para combate a incêndios dessa natureza.

Berlink não soube precisar se esse incêndio é considerado o pior que já foi registrado no parque em razão de ele ainda não ter sido controlado. O administrador do parque, Darlan de Pádua, informou ao UOL que nesta terça-feira (11) a nascente do rio São Francisco foi isolada. O dirigente afirmou que a situação nesta quarta-feira tende a melhorar, mas ainda sem previsão de controle total do incêndio.

“Conseguimos isolar a nascente. O fogo não atingiu a nascente. Dominamos a principal frente do incêndio no parque, que era no Fundão. Hoje, os focos devem se extinguir por se aproximarem de rios. A gente está partindo para o rescaldo, mas esperamos que não surjam mais focos de incêndio. Não está tudo controlado porque essa fase do rescaldo é fase de risco, e eu não tenho retorno de 100% do pessoal que foi a campo”, disse o administrador.

Parques

Conforme a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, a situação de registro de queimadas e incêndios em áreas de preservação ambiental no Estado preocupa, mas está abaixo da registrada no ano passado. Em 2011, nos nove meses, foram 15.128 focos de incêndio no Estado, sendo o mês de setembro considerado como ápice (9.169), contra 5.250 neste ano, até o momento. Este mês já contabilizou 1.511 focos.

O último boletim emitido pela força-tarefa Previncêndio, da Secretaria de Meio Ambiente mineira, aponta que, além do parque Nacional da Serra da Canastra, mais oito áreas de preservação são atingidas por incêndios, sendo duas de responsabilidade federal e oito no âmbito estadual.

Há homens trabalhando para conter as chamas no Parque Estadual Verde Grande, em Mathias Cardoso (685 km de Belo Horizonte), na Área de Preservação Ambiental Sul, no município de Brumadinho (51 km de Belo Horizonte), em uma reserva de proteção na cidade de Tiradentes (190 km de Belo Horizonte).

Há ainda focos de incêndio no parque Nacional Grande Sertão Veredas, na Chapada Gaúcha, no município de Formoso (851 km da capital mineira) e no Parque Serra Nova, em Porteirinha (582 km de Belo Horizonte), além da Área de Preservação Ambiental Pandeiros, localizada em Bonito de Minas (650 km de Belo Horizonte).

Essa área de preservação também é atingida pelo fogo em outra região de sua abrangência. Há ainda o Parque Serra do Cabral, situado na localidade de Buenópolis (distante 275 km da capital mineira). 

Região metropolitana

O instituto de Meteorologia da Cemig (Companhia Energética de Minas Gerais) registrou nesta terça-feira (11) o dia mais quente do ano em Belo Horizonte (MG), com 34,8 graus. A umidade relativa do ar ficou em 13%, considerado como estado crítico.

O ideal é que a umidade fique acima dos 60%. Não chove na capital mineira há cem dias. Já no norte do Estado a estiagem é de 130 dias, de acordo com o instituto, que informou haver a previsão de chuva na capital mineira, porém de fraca intensidade, somente nos dez últimos dias de setembro. Não há previsão de chuva para o norte de Minas Gerais.