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Polícia Militar de SP encontra lista de policiais que estariam marcados para morrer

Janaina Garcia

Do UOL, em São Paulo

31/10/2012 15h21Atualizada em 31/10/2012 21h57

As Polícias Civil e Militar de São Paulo confirmaram na tarde desta quarta-feira (31) a apreensão de papéis com pelo menos 40 nomes e apelidos de pessoas, além de rotinas de seus familiares, que seriam de policiais marcados para morrer. O material, já encaminhado para perícia, foi encontrado na noite de terça-feira (30) na favela Paraisópolis, no bairro do Morumbi, zona oeste da capital paulista. 

A corporação não informou, porém, se os nomes da lista são de policiais civis ou militares. A apreensão foi feita durante ação da Operação Saturação, que também prendeu oito pessoas em outras duas favelas da capital --São Remo, na zona oeste, e Funerária, na zona norte.

De acordo com o comandante do Batalhão de Choque da PM, coronel Cesar Augusto Morelli, "os nomes e o que mais está escrito nessa lista estão sendo analisados."

A polícia confirmou a existência da lista na tarde desta quarta-feita (31) em entrevista coletiva na sede no Denarc (Departamento de Narcóticos), no Bom Retiro (região central), da qual participaram a PM e a Polícia Civil.

O diretor geral do DHPP (Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa), Jorge Carrasco, afirmou que só o exame de balística das armas apreendidas pela polícia durante as operações é que ajudará a descobrir a autoria dos crimes contra policiais na cidade de São Paulo. Carrasco disse ainda desconhecer a lista de nomes e afirmou que só neste ano foram 57 policiais militares mortos na Grande São Paulo.

"Temos 57 homicídios de PMs na capital e Grande São Paulo neste ano, e 23 deles estão esclarecidos. Observamos que a maior parte se dá em periferias, com o autor usando moto, capacete ou capuz. Mas é sempre uma dificuldade obter testemunhas: impera a lei do silêncio", afirmou.

Conforme Carrasco, nos 23 casos esclarecidos, a motivação para o crime variou --foram desde casos de crime passional e vingança, a execuções. "Cada caso é um caso investigado separadamente. Mas não é fácil identificar o autor sem testemunhas", disse.

Segundo o diretor do DHPP, está confirmada a participação de dois homens presos hoje na São Remo na morte do policial da Rota (Rondas Ostensivas Tobias de Aguiar) André Peres de Carvalho, no mês passado, perto da comunidade. Carrasco afirmou ainda que há outros seis mandados de prisão a serem cumpridos pelo mesmo crime. De acordo com ele, a polícia procura suspeitos de terem indicado a casa em que o policial morava ou providenciado carros para os bandidos.

Na favela São Remo, vizinha ao campus Butantã da USP (Universidade de São Paulo), quatro pessoas foram presas nesta quarta-feira. Além dos suspeitos pela morte do policial da Rota, outros dois homens foram presos por porte ilegal de arma e porte de dois tijolos de maconha.

Também foi encontrado no local um laboratório de fabricação de drogas, segundo a assessoria de imprensa da Polícia Militar. No total, foram apreendidos 90 kg de drogas. A operação na São Remo não tem prazo para acabar.

Já na favela Funerária foram presas quatro pessoas. A polícia também apreendeu no local três carros e 726 kg de maconha. Segundo nota da Polícia Militar, o objetivo da Operação Saturação é a prisão de traficantes e de suspeitos de matar policiais militares. Ação é feita em conjunto por 50 policiais da Rota e 30 policiais civis do DHPP.

Atentados contra PMs

De acordo com o governo de São Paulo, atentados recentes contra policiais militares foram ordenados por traficantes de Paraisópolis. Na segunda-feira (29), pela primeira vez, o governo admitiu que foi de bandidos dessa comunidade que partiu a determinação de matar policiais.

"Dali emanaram algumas ordens de atentados contra PMs", afirmou o secretário da Segurança Pública, Antônio Ferreira Pinto. O objetivo da operação, segundo ele, é asfixiar o tráfico de drogas e causar prejuízos ao Primeiro Comando da Capital (PCC).