"Tem até peixe morto no quintal", diz moradora que teve casa destruída em Duque de Caxias (RJ)
Após passar a madrugada trabalhando, a cuidadora de idosos Marcela Gomes Coelho, 32, descobriu na manhã desta quinta-feira (3) que sua casa em Xerém, distrito de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, foi parcialmente destruída pela forte chuva que provocou estragos em várias cidades do Rio de Janeiro. Além de possíveis danos na estrutura do imóvel, Coelho estima um prejuízo material de aproximadamente R$ 4 mil.
Segundo ela, o que mais causou espanto no momento em que chegou em casa, por volta das 7h, foi a presença de um peixe morto em seu quintal. "Dei de cara com ele logo de manhã, e tomei um susto. Deu para ter uma dimensão de como choveu durante a noite", afirmou ela, que disse ter encontrado a residência alagada: "A água estava na canela."
Marcela contou que uma vizinha foi responsável por salvar o seu cão de estimação, a mesma que, por volta de 4h, ligou para a amiga a fim de informá-la sobre a destruição da casa. "Pensei que fosse uma chuva de verão, que iria passar. Continuei no meu trabalho e, quando deu 4h da manhã, ela me ligou desesperada e falou: sua casa lá atrás não tem mais nada. Acabou tudo", disse.
"Eu saí do trabalho por volta de 7h, por causa do engarrafamento, já que não tinha ônibus entrando em Xerém. Cheguei aqui por volta de 9h. O cenário que eu encontrei foi esse. Tudo destruído", completou ela, que morava no imóvel há 15 anos. Ela deve buscar refúgio em um abrigo público já nesta tarde.
Um morto, 150 desalojados
Cerca de 150 pessoas foram desalojadas pelas fortes chuvas que atingiram o bairro de Xerém, segundo informações da Defesa Civil. Um homem, encontrado na região da praça da Mantiqueira, morreu. Ele ainda não foi identificado.
Duque de Caxias fica na Baixada Fluminese do Rio de Janeiro
Os desalojados foram encaminhados para abrigos no município. Havia a informação de que uma represa na região se rompeu. "Não há indício deste fato. O rompimento da barragem não está confirmado", afirmou o secretário de Defesa Civil do município, Marcelo Silva.
"Chegamos à conclusão de que foi uma cabeça d’água, desencadeando uma enxurrada brusca que trouxe uma grande avalanche de terra, árvores e pedras até as casas que estavam no beira-rio”, disse.
Nas últimas 24 horas, choveu cerca de 200 milímetros na cidade, o maior volume observado na estação meteorológica da cidade, que foi inaugurada em outubro de 2002. De acordo com a Defesa Civil, a região ainda tem vários pontos de alagamento.
Os rios Saracuruna, Inhomirim e Capivari e Iguaçu transbordaram, e duas pontes e diversas casas localizadas nas margens foram derrubadas.
Pessoas relatam pânico na madrugada
A rua Alberta foi completamente tomada pelas águas, e muitas casas no entrono do rio Saracuruna foram invadidas pela lama e desabaram.
O coronel Robson Melo, comandante do Corpo de Bombeiros de Duque de Caxias, afirmou que “pela amplitude do ocorrido, as consequências até que foram brandas. Poderíamos ter uma tragédia maior caso a chuva não ocorresse durante a madrugada”.
Segundo ele os locais mais atingidos do distrito foram Café Torrado, na parte alta do bairro, e a região conhecida como 51, na parte baixa de Xerém, que está praticamente isolada, depois que a Defesa Civil interditou uma ponte danificada no local.
O sambista Zeca Pagodinho está no local para prestar auxílio às vítimas da tragédia.
A prefeitura criou um gabinete de crise para mapear a situação. Um balanço da situação será divulgado no final da tarde.
O governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), vai se reunir amanhã com o ministro Fernando Bezerra (Integração Nacional) para discutir medidas emergenciais de combate aos estragos provocados pelas chuvas na região.
Morador relata estragos após chuvas em Duque de Caxias (RJ)
Em Teresópolis, as sirenes foram acionadas em cinco comunidades com a subida do rio Paquequer. Choveu 126,8 milímetros na região desde as 22h de ontem até às 6h de hoje, o que representa 46% de toda a chuva normal para o mês de janeiro na cidade. No total, 50 pessoas ficaram desalojadas.
Em Pico do Couto, a estação chegou a registrar 59 milímetros de chuva (18% da média). Cerca de 50 pessoas ficaram desalojadas nas localidades do Vale da Revolta, de Perpétuo, Rosário, Caxangá e Pimentel.
Em Petrópolis, os rios Bingen e Piabanha transbordaram. Houve deslizamento de terra e pedras nos bairros Independência, Siméria e São Sebastião.
Em Angra dos Reis, no sul do estado, oito casas desabaram e há 32 pessoas desalojadas. Choveu cerca de 100 milímetros no local nas últimas horas.
Chuvas devem continuar no Rio
Na mesma região, em Mangaratiba, houve rolamento de pedras na BR – 101 e na Estrada Junqueira. Um muro desabou no local, causando destruição em uma casa, na localidade de Conceição de Jacareí, que foi evacuada pela Defesa Civil. Em Mambucaba, há 172 desalojados, e três pessoas ficaram feridas em desabamentos.
Em Nova Friburgo também chove, mas por enquanto não há registro de alagamentos, deslizamentos ou pessoas desalojadas.
Previsão para amanhã
Segundo previsão da Somar Meteorologia, amanhã (4) continua a chover no Estado, principalmente na região serrana. A tendência é que o solo continue encharcado, o que aumenta o risco de deslizamentos.
No sábado o tempo deve melhorar, mas existe a possibilidade de que chova novamente em alguns municípios.
(Com Agência Brasil)
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