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Vereadora suspeita de forjar próprio sequestro está presa em Ponta Grossa (PR)

Rafael Moro Martins

Do UOL, em Curitiba

03/01/2013 20h46

A vereadora Ana Maria Branco de Holleben (PT), suspeita de forjar o próprio sequestro para não votar na eleição que definiu a Mesa Diretora da Câmara Municipal de Ponta Grossa --cidade de 317 mil habitantes a 103 km de Curitiba--, segundo a polícia, foi detida na tarde desta quinta-feira (3).

Presa, vereadora não revela o que aconteceu em “sequestro”

Ela recebeu voz de prisão na quarta (2), apesar de sedada num hospital da cidade, após investigações de grupo especializado da polícia paranaense apontarem para a tese do autossequestro.

“Não houve sequestro, mas uma simulação. O objetivo foi proteger o interesse pessoal [de Ana Maria], provavelmente político, de não votar nas eleições da Mesa Diretora”, disse em entrevista coletiva, na noite de quarta, o delegado Luiz Alberto Cartaxo Moura, que comandou as investigações.

Após deixar o hospital, Ana Maria e o filho, que comunicou o sequestro às autoridades, foram levados a uma sala da 13ª Subdivisão Policial de Ponta Grossa. A parlamentar se recusou a prestar depoimento, alegando motivos de saúde.

Por considerar que a vereadora ainda precisa de cuidados médicos, a polícia a mantém numa sala da delegacia, ao lado do filho, em lugar de uma cela comum. Após negar-se a depor, Ana Maria foi levada ao IML (Instituto Médico Legal), onde passou por exame de corpo de delito.

Agora, caberá à Justiça avaliar se a vereadora seguirá presa – pois a detenção dela, no momento, é provisória. O advogado contratado pela família, Pablo Milanese, não foi localizado pelo UOL para comentar o caso, mas deveria apresentar ainda nesta quinta pedido de habeas corpus para que Ana Maria não permaneça detida.

Outras três pessoas estão presas suspeitas de envolvimento no caso. Uma delas, identificada pela polícia como Idalécio Valverde da Silva, diriga o carro da da parlamentar no momento do alegado sequestro. Dois parentes dele também estão detidos. Outro suspeito, Reginaldo da Silva Nascimento, está foragido e é procurado pela polícia.

Entenda o caso

O alegado sequestro de Ana Maria foi comunicado à polícia na terça (1º) à tarde, logo após ela tomar posse no terceiro mandato como vereadora. No momento, ela seguia para casa, acompanhada da mãe, antes de ir para a primeira sessão da Câmara, que elegeria o presidente da casa.

“Idalécio preparou a simulação, e produziu provas, como furar os pneus e mexer no motor para impedir o funcionamento do carro que levava a vereadora. Isso foi constatado por perícia. Já Reginaldo dirigia outro carro, que levou a vereadora, de forma que a mãe dela que a acompanhava, achasse que fosse um sequestro”, falou Cartaxo.

Nesta quinta, Aliel Machado (PC do B) foi eleito presidente da Câmara de Ponta Grossa. Ele fez parte da coligação que apoiou Péricles de Holleben Mello (PT), primo de Ana Maria, à prefeitura da cidade. O petista foi derrotado por menos de 1.700 votos por Marcelo Rangel (PPS).
No início da noite, a Executiva Municipal do PT reuniu-se, em Ponta Grossa, para analisar o caso.

O UOL procurou Mello, mas um assessor disse que ele participava do encontro e não poderia dar entrevistas naquele momento.