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BID investirá R$ 118 milhões em projeto social para jovens de comunidades com UPPs no Rio

Julia Affonso

Do UOL, no Rio de Janeiro

22/02/2013 14h18Atualizada em 22/02/2013 15h07

O Governo do Estado do Rio de Janeiro anunciou nesta sexta-feira (22) que, a partir de abril deste ano, o programa Caminho Melhor Jovem, uma ação de inclusão social e de oportunidades para jovens de 15 a 29 anos moradores de áreas com UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora), começará na comunidade de Manguinhos, zona norte, e na Cidade de Deus, zona oeste da capital fluminense. O projeto custará US$ 84,5 milhões (R$ 166,4 milhões), sendo US$ 60 milhões (R$ 118,1 milhões) financiados pelo BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e o restante pelo estado.

"A prioridade são os jovens que estão fora da escola e na criminalidade para resgatá-los e fazer a inclusão social deles. Teremos 563 profissionais, entre psicólogos e assistentes sociais, participando do programa. Cada jovem poderá ficar no programa durante dois anos, podendo prorrogar por mais dois", explicou o secretario estadual de Assistência Social e Direitos Humanos, Zaqueu Teixeira.

Os jovens serão acompanhados durante dois anos por profissionais do programa, que vão desenvolver planos para que eles se insiram no mercado de trabalho e direcionem seus estudos.

A previsão do governo é de que em quatro anos o programa alcance aproximadamente 20 territórios, atendendo diretamente cerca de 40 mil jovens, além de beneficiar indiretamente outros 80 mil nos territórios atendidos. Para participar do programa, os jovens deverão se inscrever em bases do governo existentes nas comunidades.

“Antes de elaborar o projeto, nós fizemos um estudo em sete comunidades pacificadas com mais de 700 jovens pertencentes às classes C e D e detectamos que 45% deles estavam desocupados, sem trabalho ou estudo. O programa foi desenhado de maneira integral, com oferta de serviços de saúde, esporte, cultura, ciência, tecnologia, de forma que os jovens se sintam parte de uma comunidade”, explicou a representante do BID no Brasil, Daniela Carrera. “O projeto vai tratar individualmente o jovem para compreender as características e diferenças de cada um e dar um desenvolvimento social a eles”, disse.

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  • Arte/UOL

Violência nas UPPs

Durante seu discurso na assinatura do contrato com o BID, o governador Sérgio Cabral falou sobre os problemas que as UPPs estão enfrentando nas comunidades do Rio de Janeiro. “Ninguém tinha a ilusão de que 25 anos de domínio do poder paralelo seriam abandonados sem reações. A solidificação das unidades pacificadoras está se dando dia a dia. Houve problemas na Mangueira, Vila Cruzeiro e Manguinhos, mas a vida é muito mais tranquila hoje do que antes das UPPs”, disse Cabral.

Segundo ele, o tráfico de drogas existe “em todo o planeta”. “Vamos continuar combatendo a venda de drogas, mas não vamos admitir o controle armado da região”, afirmou.

Na noite de quinta-feira (21), um policial da unidade pacificadora da Vila Cruzeiro foi baleado, após ataque de criminosos. Durante esta semana, a favela da Mangueira, pacificada há pouco mais de um ano, teve o comércio fechado por ordem de bandidos depois do assassinato de três homens, levando a PM a reforçar o policiamento no morro. Desde a sua criação, as UPPs tiveram problemas também na Rocinha, onde um policial foi morto por bandidos em setembro de 2012, e sofreram denúncias de corrupção policial no Morro da Coroa, em setembro de 2011, e com a acusação de que PMs agrediam moradores no complexo do Alemão, em outubro do ano passado.