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Mãe de vítima de tragédia em boate argentina visita Santa Maria e conta que reviveu drama ao ver incêndio pela TV

Da esquerda para a direita: Silvinia Gomes, Nilda Gomez e Lila Tello, mães de vítimas da boate Cromañon - Thiago Varella/UOL
Da esquerda para a direita: Silvinia Gomes, Nilda Gomez e Lila Tello, mães de vítimas da boate Cromañon Imagem: Thiago Varella/UOL

Thiago Varella

Do UOL, em Santa Maria (RS)

28/02/2013 21h09

Em 30 de dezembro de 2004, a boate Republica Cromañon, em Buenos Aires, foi palco de uma tragédia bastante similar à ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria (RS), que aconteceu no dia 27 de janeiro deste ano. No incêndio argentino, 194 pessoas morreram e 1.432 ficaram feridas. Foi lá que Nilda Gomez perdeu seu filho Mariano Alexis Benitez, um estudante de direito.

Mais de oito anos depois, ela e mais duas familiares de vítimas argentinas visitaram a cidade gaúcha para oferecer um abraço e toda a experiência adquirida neste tempo todo de luta.

"Nossa visita de alguma maneira ajuda a esclarecer tudo. Primeiro para que juridicamente nada deixe de ser apurado. Na Argentina, os responsáveis estão presos. Isso pode servir de exemplo para fazer as acusações aqui", disse.

Além do cuidado com o andamento criminal do caso, Nilda também veio alertar sobre o perigo de mortes nos meses depois da tragédia. Na Argentina, muitos pais morreram por doenças ou problemas com álcool por não suportarem a dor de perder um filho. "Queremos evitar mais mortes no pós-tragédia. No caso Cromañon houve várias mortes de sobreviventes e também de pais que não foram cuidados", contou.

Ao lado de Lila Tello e Silvinia Gomes, Nilda contou que reviveu o maior drama de sua vida ao acordar no domingo, dia 27 de janeiro, e ver, pela televisão, a tragédia na Kiss. A similaridade dos casos mostrou que a dor da perda de um filho pode nunca passar.

"Foi como voltar e reviver o que passamos há oito anos. Quando vi aqueles jovens abrindo um buraco na parede da boate, eu imaginei que dali iriam retirar meu filho Mariano e que iriam me entregar seu corpo. Minha mente voltou no tempo e esperava em um país diferente e em outra situação que retirassem e devolvessem meu filho. Fiquei muito mal com isso", disse.

Nesta quinta-feira (28), acompanhadas pelo presidente da Associação dos Familiares das Vítimas e Sobreviventes da Tragédia na boate Kiss (AVTSM), Adherbal Ferreira, e o vice, Leo Becker, as argentinas tiveram um encontro com os delegados do caso da boate Kiss, na 1ª Delegacia de Polícia de Santa Maria.

Nilda contou que, na Argentina, os responsáveis pela tragédia permanecem presos e que espera que o mesmo ocorra no Brasil.