Presidente de associação de vítimas da Kiss diz que teme atos de violência contra réus
O presidente da Associação de Pais e Familiares de Vítimas da Tragédia em Santa Maria, Aderbhal Ferreira, afirmou estar preocupado com a integridade física dos quatro réus no caso do incêndio da boate Kiss, que em janeiro matou 242 pessoas. Os acusados foram soltos por decisão do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio Grande do Sul de quarta-feira (29). No incêndio morreram 242 pessoas, a maioria jovens.
“O desembargador [Manuel Martinez Lucas, que determinou a soltura dos réus] comprou o problema para ele, a integridade física dos pais e dos próprios acusados. A associação não se responsabiliza por algum ato [de violência] que pai ou parente possa vir a cometer”, disse Ferreira, durante ato de repúdio, nesta quinta-feira (30), à decisão do TJ (Tribunal de Justiça) do Rio Grande do Sul que determinou a soltura de quatro réus.
Ferreira disse que o objetivo agora é recorrer da decisão do tribunal gaúcho em Brasília, no STF (Supremo Tribunal Federal).
Segundo a associação, 400 pessoas participaram da manifestação. O ato foi seguido de uma caminhada e durou 3h.
No percurso os manifestantes pediam por justiça. Ariane Floriano, mãe do cabo Rogério Floriano, vítima da tragédia afirma que a manifestação traduzia o "clamor popular" que o desembargador disse não haver mais para justificar a saída dos réus da cadeia.
“Estavam falando que faltou clamor social, agora eles vão ter clamor social”, disse Ariane, lembrando que grupos de pais de outras cidades participarão de uma manifestação que deve ocorrer no próximo sábado (1º).
Para Luiz Pedro dos Santos, pai de Merilyn dos Santos, “não há que criar novas leis e sim cumprir as que existem". "É preciso respeitar a vida”, disse.
Telma Krauspenhar, prima de Augusto Sérgio Krauspenhar, vítima da tragédia, diz que é preciso valorizar o trabalho já realizado pela polícia e investigar todos acusados.
“Há quem diga que é preciso deixar os anjos descasarem, mas dizem por que não são parentes deles. Nós iremos até o fim."
Flávio José da Silva, pai de Andrielle Silva, que morreu no incêndio, acompanhou a sessão que decidiu pela soltura dos réus, em Porto Alegre, na quarta, diz que os pais fizeram "parte de um espetáculo de circo”.
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