Papa deixa Theatro Municipal do Rio e terá almoço com religiosos
O papa Francisco deixou na tarde deste sábado (27) o Theatro Municipal, na área central do Rio de Janeiro, e se dirigiu ao Palácio João Paulo 2º, na Glória (zona sul), para um almoço com cardeais, com a presidência da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil), bispos e com a comitiva papal. O encontro inicialmente seria realizado no centro de estudos do Sumaré, na zona norte da capital, mas a agenda foi alterada na última hora. O motivo da mudança não foi divulgado pela organização.
O percurso foi feito em carro fechado, mas, como de costume, o pontífice manteve o vidro aberto.
Pela noite, o papa estará presente na Vigília de Oração junto com os jovens que participaram ao longo do dia de uma caminhada de 9,5 km (da Central do Brasil, no centro, até a praia de Copacabana, na zona sul). O evento seria realizado em Guaratiba, mas por conta das fortes chuvas, foi transferido de local.
A vigília é o quarto ato central da Jornada Mundial da Juventude e o momento em que o papa fará a adoração ao Santíssimo Sacramento com os jovens presentes.
Mais cedo, o pontífice celebrou missa na Catedral Metropolitana de São Sebastião, no centro da capital, e participou de encontro com autoridades, diplomatas, políticos e artistas no Theatro Municipal.
Diálogo
Em discurso direcionado a autoridades, o papa Francisco propôs o "diálogo" como solução para protesto violento e indiferença egoísta.
"Entre a indiferença egoísta e o protesto violento, há uma opção sempre possível: o diálogo", relatou o pontífice, que afirmou que um país cresce, quando dialogam de modo construtivo as suas diversas riquezas culturais. "Quando os líderes dos diferentes setores me pedem um conselho, a minha resposta é sempre a mesma: diálogo, diálogo, diálogo."
Segundo Francisco, o diálogo é a única maneira para uma pessoa, uma família, uma sociedade crescer. "É a única maneira para fazer avançar a vida dos povos é a cultura do encontro; uma cultura segundo a qual todos têm algo de bom para dar, e todos podem receber em troca algo de bom. O outro tem sempre algo para nos dar, desde que saibamos nos aproximar dele com uma atitude aberta e disponível, sem preconceitos."
No início do discurso, o pontífice, em um tom sério, disse que todos aqueles que possuem um papel de responsabilidade em uma nação são chamados a enfrentar o futuro "com os olhos calmos de quem sabe ver a verdade", ao fazer referência ao pensador brasileiro Alceu Amoroso Lima. E citou três aspectos deste olhar, que classificou de calmo, sereno e sábio: "primeiro, a originalidade de uma tradição cultural; segundo, a responsabilidade solidária para construir o futuro; e terceiro, o diálogo construtivo para encarar o presente."
Igreja nas favelas
Durante a missa celebrada na Catedral Metropolitana de São Sebastião para mais de mil bispos, sacerdotes, religiosos e seminaristas,o papa Francisco lembrou de madre Teresa de Calcutá e chamou os líderes da Igreja Católica a irem até as periferias, onde as pessoas "têm sede de Deus".
"Que [Deus] nos empurre a sair ao encontro de tanto irmãos e irmãs que estão na periferia, que têm sede de Deus. Que não nos deixe em casa, mas que nos empurre a sair de casa. E assim sejamos discípulos do senhor", afirmou Francisco.
Francisco chegou a citar uma frase de madre Teresa de Calcutá: "Devemos estar muito orgulhos de nossa vocação, que nos dá a oportunidade de levar cristo aos pobres, às favelas, às vidas miseráveis". Francisco falou sobre a vocação religiosa e ressaltou que os sacerdotes têm que estar "muito orgulhosos" das suas, por elas lhes darem "a oportunidade de servir a Cristo nos pobres".
"É nas favelas, nas povoações pobres, nas vilas onde é preciso ir buscar e servir a Cristo. Devemos ir a eles como o sacerdote se aproxima do altar: com alegria", declarou.
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