Imóveis do Minha Casa, Minha Vida em Uberlândia (MG) têm problemas elétricos, rachaduras e infiltrações
Quase dois anos depois da entrega de 3.632 casas do programa Minha Casa, Minha Vida, do governo Federal, em Uberlândia (535 km de Belo Horizonte), pelo menos 200 unidades, no bairro Shopping Park, zona sul da cidade, apresentaram problemas como infiltração, rachaduras e também na parte de fiação elétrica.
Ao todo 217 reclamações foram feitas por meio do telefone da Caixa Econômica Federal desde o início do ano. Desse total, segundo Clayton Rosa, superintendente regional da CEF (Caixa Econômica Federal), banco estatal que financia a construção dos imóveis, nenhuma recebeu reparos por parte da construtora responsável, a CastroViejo. “É um processo demorado, mas ela é obrigada a dar esse suporte após a entrega da casa", disse Clayton.
A cuidadora de idosos Meire Leite de Matos é uma das pessoas que ligaram no canal da Caixa para reclamar. Na casa de 39,6 m² divididos em cinco cômodos, o transtorno maior é no sistema elétrico. Na sala, no banheiro, na cozinha e no quarto dos quatro filhos, ela não pode colocar lâmpadas para iluminar o ambiente.
“Todas as lâmpadas que eu coloquei queimaram em menos de dois dias e o bocal do quarto dos meus filhos derreteu por dentro. No banheiro, só uso o aquecedor solar para o chuveiro, porque os fios estão expostos. Tenho medo que pegue fogo”, afirmou.
A cuidadora disse ainda que fez três reclamações no telefone informado pela Caixa, mas que ninguém apareceu para solucionar o problema. “Eu não sei o que acontece aqui. Não pode ser sobrecarga elétrica porque eu não tenho nem geladeira. Os únicos aparelhos ligados na tomada são o fogão e a televisão”, disse.
Além disso, a parte de baixo da parede do banheiro e o piso apresentam infiltração.
Incêndios
Os problemas nas casas do bairro foram evidenciados após uma série de incêndios terem sido registrados desde o início do mês. O Corpo de Bombeiros atendeu a cinco chamados de casas queimadas no mesmo bairro nos últimos quinze dias.
Em uma das ocorrências, uma idosa de 78 anos, deficiente física, morreu carbonizada.
As causas dos incêndios são investigadas pela Polícia Civil da cidade, mas o superintendente regional da Caixa afirmou que não existem indícios de que tenha sido por causa do sistema elétrico das casas.
“Toda a obra teve a aprovação de todos os órgãos envolvidos. Nós acreditamos que tenham sido fatores externos que causaram esses incêndios”, afirmou.
Sobre os demais problemas apresentados pelos moradores, o superintendente disse que a Caixa irá avaliar todos os casos.
“Toda execução da obra é passível de erro. Dentre milhares de casas, estas apresentaram problemas. Nós vamos fazer esse levantamento e encaminhar para a construtora para que ela faça os reparos necessários”, disse.
Em nota enviada no dia 10 de outubro, a Castroviejo informou que, "até a data da publicação da reportagem, havia sido notificada pela Caixa Econômica Federal com apenas 22 solicitações de assistência técnica (16 para o módulo Villa Real e 6 para o módulo Villa Nueva)."
A nota diz ainda que a construtora não recebeu nenhuma solicitação da unidade habitacional que é mostrada na reportagem.
Vistoria
Enquanto o UOL apurava os problemas das casas, um engenheiro credenciado pela Caixa se apresentou aos moradores e informou que faria o relatório dos problemas e encaminharia para a construtora para que os reparos necessários sejam feitos.
O procedimento, segundo o superintendente regional, tem sido feito desde o início das reclamações. “Ele vai até a casa, apresenta um relatório em três dias, repassa para a construtora e ela é obrigada a dar uma resposta em até 30 dias”, disse.
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