Tráfico de pessoas mira mulheres, crianças e adolescentes para exploração sexual, diz pesquisa
O Ministério da Justiça divulgou nesta sexta-feira (18) estudo inédito que aponta haver grande incidência de tráfico de pessoas para fins de trabalho escravo nos Estados do Rio Grande do Sul, Paraná, Pará, Amazonas, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Os dois últimos Estados também aparecem ao lado do Amapá, Pará e Roraima como regiões com alto índice de tráfico para exploração sexual.
O levantamento analisou a situação nos onze Estados do Brasil que fazem fronteiras com outros países: Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Roraima, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Rondônia, Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina.
Leia mais
- Denúncias de tráfico de mulheres crescem 1.547% no primeiro semestre
- Polícia mineira vai investigar site em que usuários oferecem crianças para adoção
- Mulher é presa acusada de intermediar adoção ilegal de criança em Minas Gerais
- Em Pernambuco, mulher tenta vender recém-nascida por R$ 50 mil a casal na Bahia
Os dados foram coletados entre os anos de 2002 e 2012 com base em diferentes fontes e pesquisa e entrevistas in loco. No entanto, o estudo não traz dados estatísticos que permitam a comparação entre as regiões.
A justificativa apresentada pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para a falta de números é que o tráfico de pessoas é um "crime subterrâneo e de difícil detecção" por conta do grande número de pessoas que não o denuncia.
As pessoas traficadas são, em sua maioria, mulheres, crianças e adolescentes, principalmente com fins de exploração sexual. Os homens também são vítimas de tráfico, entretanto, mais para trabalho escravo e forçado.
A pesquisa do MJ, porém, identificou que mulheres também têm sido traficadas para o Brasil para trabalhar na indústria têxtil e para servidão doméstica. No geral, a maior parte são de pessoas vulneráveis, com idades entre 18 e 29 anos e baixa escolaridade.
Em 2002, a maioria dos recrutadores em 2002 era do sexo masculino. Porém, ao longo dos anos, as mulheres acabaram ocupando cada vez mais o papel de aliciadoras. Segundo o relatório, não há um modelo de aliciamento único, mas é comum que os recrutadores sejam pessoas conhecidas das vítimas.
Por outro lado, há mais homens presos por tráfico de pessoas do que mulheres e uma das conclusões do levantamento é que homens normalmente ocupam lugar mais alto na hierarquia dentro dos grupos de traficantes e, assim, cometendo crimes mais graves, com penas mais severas.
O relatório também aponta que tem crescido o número de pessoas estrangeiras, de ambos os sexos, traficadas para o Brasil para fins de trabalho escravo e cita os bolivianos como exemplo.
Foram identificadas novas modalidades de tráfico, como a exploração para mendicância e a da servidão doméstica de crianças e adolescentes, além dos casos de pessoas usadas como "mulas" para o transporte de drogas e de adolescentes traficados para jogar em clubes de futebol.
A pesquisa servirá de base para implementar políticas de prevenção e atendimento às vítimas, incluindo a implantação de postos de atendimento aos migrantes, capacitação de agentes locais e repressão aos traficantes de pessoas.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.