Topo

Em Pernambuco, mulher tenta vender recém-nascida por R$ 50 mil a casal na Bahia

Aliny Gama

Do UOL, em Maceió

01/08/2013 17h16

A Polícia Civil de Pernambuco está investigando a venda de bebês após monitorar a negociação entre duas mulheres sobre a compra de uma recém-nascida ocorrida por meio da página “Quero Adotar. Quero Doar Meu Bebê – Recife”, criada no Facebook.

Segundo investigações, a mãe da recém-nascida, identificada por um perfil falso com o nome de Carla Costa, 19, e mora no Recife, ofereceu a filha por R$ 50 mil a uma mulher que mora em Salvador.

Parte da conversa foi divulgada pela polícia e mostra que a mãe estava fazendo uma espécie de leilão para obter o valor maior pela “doação” da filha. A mãe disse que estava oferecendo a filha pelo preço das "despesas" hospitalares com o parto e internação porque não tinha dinheiro para pagar os custos do hospital particular onde a criança nasceu.

“Tem outros dois casais que se interessaram por ela também, e, assim, não sei se você sabe, mas uma neo [UTI Neonatal] de um hospital particular é cara, e quando ela receber alta teremos que arcar com um prejuízo enorme do plano de saúde, tem um dos casais que se dispôs a nos dar uma ajuda de custo de R$ 50 mil, só que esse valor ainda não cobre o prejuízo, estamos procurando alguém que possa nos ajudar, mas com um valor maior, para cobrirmos todos os gastos”, escreveu Carla em um chat.

Ganhar peso

Como se estivesse negociando um bem material, a mãe relata que a recém-nascida havia nascido prematuramente, aos seis meses de gestação, mas que a bebê era saudável e estava internada apenas para ganhar peso.

“Não estou com condições de criar esse bebê, pois já tenho dois filhos também. Está na neo de um hospital, mas ela não nasceu com problema nenhum, só está lá para poder ganhar peso. Está se alimentando por uma sondinha e provavelmente em breve tomar leite na chuquinha.” Após a repercussão do caso, divulgado pela polícia nessa quarta-feira (31), a página foi apagada.

Segundo a polícia, a menina morreu no dia 23 de julho devido aos vários problemas de má formação nos órgãos e foi enterrada no cemitério de Casa Amarela, no Recife. “O primeiro contato ocorreu na página do Facebook, e depois as mulheres começaram a conversar pelo bate-papo. Estamos investigando a participação de outras pessoas no caso, inclusive vamos ouvir o suposto pai da criança”, disse o delegado da GPCA (Gerência de Polícia da Criança e do Adolescente), Geraldo da Costa.

Estado mental

O delegado informou que a mãe da recém-nascida prestou depoimento nesta quarta-feira (31) e ela confirmou que estava doando a filha, mas que “o valor era apenas para cobrir as despesas médicas”. Em depoimento, a mulher afirmou que descobriu estar grávida quando entrou em trabalho de parto e que se estivesse em estado mental normal jamais venderia a criança.

“Estamos investigando e apurando mais detalhes do crime. O que está claro é que a acusada ofereceu a filha em troca de dinheiro e benefício, então houve crime”, disse o delegado, destacando que se a acusada alega que estava com problemas mentais a Justiça vai analisar por meio de exames médicos.

Segundo Costa, a mulher não foi presa, mas vai responder pelo crime de troca de filhos por dinheiro ou benefício, de acordo com o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente). Caso seja condenada, pode pegar entre um e quatro anos de reclusão, além do pagamento de multa estipulada pela Justiça.