Topo

SP e governo federal se reúnem para definir atuação conjunta em protestos

Do UOL, em São Paulo

29/10/2013 10h19Atualizada em 29/10/2013 13h11

Representantes do governo federal irão se reunir ainda nesta terça-feira (29) com a cúpula da Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo (SSP) para definir ações para coibir atos de violência nos protestos em São Paulo. A reunião irá ocorrer na sede da SSP, no centro da capital paulista.

Ontem (28), manifestantes revoltados pela morte do estudante Douglas Rodrigues, 17, morto em uma abordagem da Polícia Militar no domingo (27), bloquearam a rodovia Fernão Dias e promoveram atos de vandalismo.

O secretário de Segurança Pública de São Paulo, Fernando Grella, procurou o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pediu ajuda da PRF para atuar nos protestos. É a primeira vez que o governo de São Paulo solicita auxílio ao governo federal para conter os protestos. Segundo o governo do Estado, a presença da PRF é necessária porque a Fernão Dias, palco principal dos protestos, é uma rodovia federal.

Cardozo disse que na reunião de hoje servirá para o planejamento de estratégias para lidar com essas interdições, segundo informou a rádio CBN. O ministro defendeu que o diálogo com os manifestantes seja mantido. Grella disse à rádio que o policiamento na região do Jaçanã será reforçado, em uma operação conjunta entre a PRF e a Polícia de São Paulo. 

Na reunião de hoje, será definido se a atuação do governo federal será apenas na Fernão Dias ou se estenderá a outros protestos. 

Força Nacional descartada

Segundo o ministro José Eduardo Cardozo, é preciso entender as manifestações com órgãos de inteligência e aprofundar a troca de informações entre as diferentes esferas da segurança pública. Ele destacou a importância de conversar principalmente com as polícias de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais. A inteligência, na opinião do ministro, seria para investigar vândalos que se infiltram nos protestos.

"Enquanto as manifestações têm de ser respeitadas e não cabe investigação sobre movimentos sociais, de outro lado quando você tem situações ilegais, em que parece que as pessoas se organizam para agredir outras pessoas, isso não pode ser ignorado pelos órgãos de inteligência policial", disse.

O ministro da Justiça discordou da necessidade do acionamento da Força Nacional de Segurança para conter os protestos em São Paulo. Cardozo argumentou que a Força deve ser acionada quando não há efetivo policial suficiente, o que, na opinião dele, não é o caso de São Paulo.

"Eu não vejo necessidade em um primeiro momento (de convocação da Força Nacional de Segurança). É mais uma questão operacional que deve ser acertada. São Paulo é um Estado forte, possui um grande contingente policial e não creio que necessite da Força Nacional de Segurança Pública", disse o ministro.

90 detidos

O protesto de ontem terminou  com a detenção de ao menos 90 pessoas. Segundo a Polícia Militar, os protestos começaram às 17h50, logo após o enterro do estudante. 

Por volta das 6h30 de hoje, foram liberadas 32 pessoas que ainda estavam detidas por participação nos atos de vandalismo. Dois manifestantes ainda permanecem detidos.

Durante o protesto, foram incendiados cinco automóveis, dois caminhões e dois ônibus. De acordo com Bruno Guilherme de Jesus, delegado de plantão no 39º Distrito Policial, na Vila Gustavo, algumas lojas foram saqueadas e uma pessoa, baleada.

O delegado informou que as 32 pessoas foram liberadas por falta de provas e que apenas duas continuam presas por ainda não ter sido possível reconhecer suas identidades. O delegado aguarda a conferência das suas impressões digitais para que também sejam liberadas.

Segundo o delegado, pelo menos 20 detidos tinham passagem pela polícia, a maioria por roubo, furto e tráfico de drogas. O delegado informou ainda que os acusados poderão ter de responder por dano qualificado, incêndio e furto.

Dilma ofereceu ajuda

A exemplo do que fez em 14 junho deste ano, no dia posterior a um protesto na região central da capital, o governo federal ofereceu ajuda ao governador Geraldo Alckmin após a manifestação da última sexta-feira (25), quando o coronel da PM Reynaldo Rossi foi agredido por manifestantes mascarados. 

Desta vez, a própria presidente da República ofereceu ajuda federal, em comunicado pelo Twitter. (Com Agência Brasil e Estadão Conteúdo)