IBGE: 68,7% das adolescentes com filho param de estudar sem terminar o ensino médio
Pesquisa divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) nesta sexta-feira (29) aponta que existe uma relação entre a fecundidade e o nível de escolaridade da mulher. Segundo a Síntese de Indicadores Sociais, baseada no cruzamento de dados da Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) 2012, entre as adolescentes de 15 a 17 anos de idade que não tinham filho, 88,1% estavam estudando. Já para aquelas que tinham um filho ou mais, somente 28,5% estudavam e 68,7% delas não estudavam e nem haviam completado o ensino médio.
Para o IBGE, os números mostram que a maternidade pode atrasar ou interromper o processo de escolarização da mulher e que é preciso desenvolver políticas públicas voltadas para jovens que já tenham filhos e desejem retornar aos estudos.
No grupo de mulheres de 18 a 24 anos de idade, 40,9% daquelas que não tinham filho ainda estudavam, 13,4% não estudavam e tinham até o ensino médio incompleto, e 45,6% não estudavam e tinham pelo menos o ensino médio completo.
As proporções se invertem entre aquelas que tinham filho, no mesmo grupo etário: somente 10% estudavam, 56,7% não estudavam e tinham até o ensino médio incompleto, 33,3% não estudavam e tinham pelo menos o ensino médio completo.
Em 2012, entre jovens de 15 a 19 anos com maior escolaridade (oito anos ou mais de estudo), 7,7% tiveram filhos, enquanto para as com até sete anos de estudo a proporção foi de 18,4%.
A Pnad é uma pesquisa feita anualmente pelo IBGE, exceto nos anos em que há Censo. No ano passado, a pesquisa foi realizada em 147 mil domicílios, e 363 mil pessoas foram entrevistadas. Há margem de erro, mas ela varia de acordo com o tamanho da amostra para cada dado pesquisado.
"Nem-nem"
De acordo com a pesquisa, a maioria dos jovens que formam a geração "nem-nem" (nem estuda nem trabalha) é de mulheres: 70,3%. A incidência é maior no subgrupo formado pelas pessoas de 25 a 29 anos, onde as mulheres representavam 76,9%.
Já entre os jovens de 15 a 17 anos, a distribuição é mais equilibrada: 59,6% das pessoas que responderam que não estudavam nem trabalhavam eram mulheres. No subgrupo de 18 a 24 anos, por sua vez, as mulheres representavam 68%. Entre essas jovens, 58,4% já tinham pelo menos um filho, e 41% declararam que não eram mães.
Considerando apenas as mulheres que já haviam dado à luz pelo menos uma vez, o número de pessoas que não estudava nem trabalhava também era maior no subgrupo de 25 a 29 anos (74,1%).
Queda na fecundidade
De acordo com o IBGE, o Brasil vem experimentando um processo de queda na fecundidade. Em 2012, de acordo com dados da PNAD, 38,2% das mulheres de 15 a 49 anos de idade não tinham filho nascido vivo.
No grupo de mulheres de 25 a 29 anos de idade, em 2002, 32,2% não tinham nenhum filho nascido vivo, enquanto em 2012 este indicador subiu para 40,5% das mulheres de mesma idade.
Entre as jovens de 15 a 19 anos, 89,5% não tinham filho. Já no grupo final do período reprodutivo, formado pelas mulheres com 45 a 49 anos de idade, 11,8% não tiveram filho nascido vivo.
Em 2012, a taxa de fecundidade total (número médio de filhos que uma mulher teria ao longo da vida) para o Brasil foi de 1,8 por mulher. Os valores mais elevados foram observados para o Acre (2,7 filhos por mulher), Amapá (2,5), Amazonas e Roraima (2,4), Pará e Maranhão (2,3) com taxas acima do nível de reposição populacional. O menor valor neste indicador (1,6 filho por mulher) foi observado para o Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Rio Grande do Sul e Distrito Federal.
A cor também é um fator que diferencia a proporção de mulheres que permanecem sem ter filhos. Em 2012, entre as mulheres brancas de 15 a 49 anos de idade, 41,2% não tinham filhos, enquanto para as pretas ou pardas o percentual foi de 35,5%.
Para as adolescentes (15 a 19 anos de idade) brancas, a proporção que não tiveram filho nascido vivo foi de 92,8% e para as pretas ou pardas, de 87,1%. Para as mulheres de 20 a 24 anos de idade a diferença é ainda maior: 30 das brancas não haviam tido filhos, contra 44,9% das pretas ou pardas.
Percentual das mulheres de 15 a 49 anos por cor e indicação de presença de filhos
Brancas sem filho | Brancas com filho | Pretas ou pardas sem filho | Pretas ou pardas com filho | |
Brasil | 41,2% | 58,1% | 35,5% | 63,7% |
Norte | 36,5% | 63% | 31,6% | 67,5% |
Nordeste | 41,4% | 58% | 35,7% | 63,5% |
Sudeste | 42,4% | 56,9% | 37,1% | 62% |
Sul | 39,9% | 59,2% | 33,4% | 65,7% |
Centro-Oeste | 38,9% | 60,1% | 34,6% | 64,6% |
- Fonte: IBGE, Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios 2012
Outro determinante na proporção de mulheres sem filho nascido vivo, segundo o IBGE, é o estado conjugal da mulher. Para as mulheres de 15 a 49 anos de idade, que viviam em companhia de cônjuge ou companheiro, a proporção sem nenhum filho foi de 16,3%. Já para aquelas que nunca viveram em companhia de cônjuge ou companheiro esse indicador foi de 89,3%.
Com a queda na fecundidade, o padrão de organização dos arranjos familiares no Brasil também mudou. No período 2002 a 2012, houve redução das famílias formadas por casal com filhos (de 52,7% para 45%) e, consequentemente, aumento dos casais sem filhos (de 14% para 19%). Nas famílias com mulher sem cônjuge e com filhos, os chamados “monoparentais femininos”, a proporção passou de 17,9% para 16,2% no mesmo período.
Em dez anos, quadruplicou o percentual de mulheres que são chefes de família -principais responsáveis pelo sustento da casa. Em 2002, entre os casais com filhos, as mulheres representavam 4,6% dos chefes de família. Em 2012, passaram a 19,4%.
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