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Com nudismo opcional, Galheta (SC) é ponto de paquera GLS na alta temporada

Galheta - Florianópolis (SC): entre duas das praias mais movimentadas da Ilha de Santa Catarina (Barra da Lagoa e Mole), a praia é acessada por uma trilha de 300 metros  - Brasil Naturista/Divulgação
Galheta - Florianópolis (SC): entre duas das praias mais movimentadas da Ilha de Santa Catarina (Barra da Lagoa e Mole), a praia é acessada por uma trilha de 300 metros Imagem: Brasil Naturista/Divulgação

Geiza Martins

Do UOL, em São Paulo

19/01/2014 07h00

Uma das mais famosas praias de nudismo do Brasil, a Galheta, em Florianópolis (SC), atrai tipos diferentes de frequentadores: naturistas, turistas, moradores da região, curiosos, surfistas, etc. Entretanto, um grupo de frequentadores que vem crescendo há alguns anos é o GLS (Gays, Lésbicas e Simpatizantes). Na alta temporada, é comum encontrar homens desacompanhados caminhando pela orla para curtir a bela paisagem, mas também em busca de uma paquera.

Praia da Galheta, em Florianópolis (SC)

  • Arte/UOL

Com 950 metros de extensão, a Galheta fica no leste da ilha de Florianópolis, a 17 quilômetros do centro da cidade. Trata-se de um local preservado, sem a presença de construções e com apenas três barracas de venda de alimentos, que só ficam ali na alta temporada. Para chegar nela, é preciso fazer uma trilha de 15 minutos que tem acesso pela vizinha praia Mole --um dos principais redutos GLS da capital catarinense.

O nudismo na Galheta é opcional. Só tira a roupa quem se sentir à vontade. E, diferentemente da maioria das praias naturistas no país, que só permitem a entrada de casais ou de naturista portador de identificação da FBrN (Federação Brasileira de Naturismo), os homens sozinhos têm a entrada liberada.

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“Na alta temporada, se torna um ponto GLS, de paquera mesmo. Acontecem muitas festinhas na Mole e o povo se arruma e estica para a Galheta. Mas não acontece nada de sexual na praia”, afirma o publicitário J.A., 28 anos, frequentador que não quis se identificar.

Sem preconceito

“Esta é uma praia pública e de espaço aberto, sem triagem. Felizmente está tudo em boa paz, vestidos e não vestidos convivem pacificamente. É o que mais se aproxima do conceito de liberdade”, afirma Affonso Alles, presidente da AGAL (Associação Amigos da Galheta), entidade que administra a praia que faz parte de uma área de preservação permanente. 

Segundo Affonso, essa liberdade foi adquirida aos poucos. Nos anos 90, quando a praia foi oficializada naturista, alguns moradores picharam nas pedras ofensas e ameaças ao público gay. “Hoje, ninguém mais tem tamanha ousadia. Temos combatido de maneira intransigente esse tipo de comportamento. Mas sabemos que ainda existe”, confessa. A FBrN encara essa segmentação com normalidade. “A questão da procura do público gay é normal e não deve ter nenhum tratamento especial por isso”, diz José Antônio Ribeiro Tannús, presidente em exercício da entidade.

Alheio à história do lugar, o turista alemão Frank, economista, 37 anos, que é praticante de naturismo, não percebeu preconceito. “Já viajei quase o mundo todo, esta é uma das praias mais lindas que vi. E melhor ainda, dá para flertar bastante. Estou indo todo dia e hoje mesmo arrumei um paquera”, diz.

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Por uma boa conduta

Assim como em outras praias naturistas, a paquera é bem vista pela FBrN, apesar do naturismo não ter nenhum apelo sexual. Por isso mesmo, existem regras de conduta estabelecidas no Código de Ética da entidade que precisam ser respeitadas por todos.

Segundo o código, “comportamento sexualmente ostensivo” e a prática de “atos de caráter sexual ou obscenos” nas áreas públicas são passíveis de expulsão. “Se a paquera não envolver nenhuma conotação sexual, não tem por que ser mal vista. Apenas pedimos que respeitem o Código de Ética”, afirma Tannús. E completa: “O que acontece é que muitas vezes os casais extrapolam os limites do razoável, praticando cenas constrangedoras para os naturistas presentes, muitas vezes crianças e idosos”.

Segundo o publicitário J. A., esse tipo de comportamento é visto na Galheta, mais especificamente numa trilha no centro da praia, onde os mais ousados costumam ir quando a paquera se torna mais íntima. “Quando percebemos comportamentos sexuais, pedimos por educação e respeito”, finaliza Affonso Alles.

Própria ou imprópria?

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Código de Ética do Naturismo

A FBrN (Federação Brasileira de Naturismo) possui um Código de Ética que deve ser respeitado por todos os frequentadores de uma praia naturista, inclusive por aqueles que querem paquerar. Fique por dentro da conduta ideal e evite ter sua atenção chamada ou mesmo ser expulso do lugar. Veja também informações básicas sobre a prática do naturismo.

O que é naturismo?
Por definição, naturismo “é um modo de vida em harmonia com a natureza, caracterizado pela prática da nudez social, que tem por intenção encorajar o auto-respeito, o respeito pelo próximo e o cuidado com o meio ambiente"

Homens desacompanhados podem entrar?
Depende da praia. Como não existe uma lei federal que assegure os direitos dos naturistas, eles são regidos por leis municipais. Assim, em alguns casos, no próprio decreto foi instituído que pessoas desacompanhadas não poderiam entrar.

Nudez é obrigatória sempre?
Não. Nas praias da Galheta (SC) e Olho de Boi (RJ), a nudez é opcional. Na Praia do Pinho (SC), há uma área de adaptação em que as pessoas podem andar vestidas.

É proibido fotografar?
Não necessariamente. Mas, evite tirar foto ou filmar pessoas em praias naturistas sem a sua permissão. Esse é um comportamento considerado inadequado.

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Que tipo de comportamento é proibido?
- Causar discórdia por meio de propostas inconvenientes com conotação sexual;
- Causar constrangimento pela prática de atitudes inadequadas;
- Portar-se de forma desrespeitosa ou discriminatória permanente em relação a outros naturistas ou visitantes.

Posso ser expulso?
Sim. Segundo o Código de Ética da FBrN, existe um tipo de falta grave passível de expulsão: “Ter comportamento sexualmente ostensivo e/ou praticar atos de caráter sexual ou obscenos nas áreas públicas”.