Greve de ônibus em Belo Horizonte é suspensa

O sindicato que representa a maior parcela de motoristas e cobradores informou na noite desta terça-feira (25) que foi suspensa a greve da categoria que se iniciou ontem em Belo Horizonte e cidades da região metropolitana. Com isso, os ônibus deverão circular normalmente nesta quarta-feira na capital mineira e em cidades do entorno.

A decisão foi tomada após audiência de conciliação entre representantes da categoria e de empresas de transporte no TRT (Tribunal Regional do Trabalho).

Segundo a assessoria de imprensa do STTR-BR (Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Belo Horizonte), a categoria irá manter o estado de greve, mas os ônibus deverão voltar a circular normalmente. À tarde, ainda conforme o setor, haverá uma assembleia para discutir as propostas encaminhadas durante a audiência.

Na reunião, a juíza Wilmeia da Costa Benevides estipulou um reajuste salarial linear de 7,26% e redução de vinte minutos na carga horária diária, que passaria de 6h40 para 6h20, com uma hora de intervalo fracionada ao longo da jornada, além de 15% a mais no piso salarial para os motoristas que vão operar veículos do BRT (na sigla em inglês), previstos para circular em maio na capital mineira.

A magistrada também propôs que seja retirada da convenção coletiva cláusula que impede o trabalhador de receber valores de participação nos lucros das empresas caso sofra alguma punição disciplinar.

Wilmeia Benevides também fez constar na ata proposta no sentido de que os dias de paralisação não sejam descontados nem os que aderiram à greve sofram penalidades. As informações foram repassadas pela assessoria de imprensa do tribunal.

O setor informou ainda que os representantes dos trabalhadores concordaram em suspender a paralisação.  Os envolvidos (sindicatos patronais e de empregados) têm até o dia 7 do mês que vem para dizerem à juíza se aceitam os temos propostos durante a audiência.

Os rodoviários reivindicavam reajuste salarial de 21,5%, jornada de trabalho de seis horas, ticket alimentação com 30 diárias no valor de R$ 15 e piso salarial 30% superior para os motoristas de veículos do BRT.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Transporte Rodoviário de Belo Horizonte (STTR-BH), Ronaldo Martins, disse que a categoria vinha mantendo escala mínima de 30% da frota em circulação, apesar de liminar dada pela Justiça do Trabalho que exige a circulação de no mínimo 70% da frota nos horários de pico, sob pena de multa diária de R$ 50 mil.

Prejuízo no comércio

De acordo com o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL/BH), Bruno Falci, em dois dias de paralisação, o setor já deixou de faturar R$ 38 milhões. "Muitos lojistas se prepararam para a paralisação, buscando seus funcionários em casa", afirmou. "Mas sem clientes, que não conseguem chegar aos centros comerciais, o setor está acumulando prejuízos", disse em nota.

Nesta segunda-feira, primeiro dia da greve, 430 mil pessoas foram afetadas pela paralisação, de acordo com a BHTrans, empresa que gerencia o tráfego de veículos na capital mineira. Em dias úteis, o sistema de transporte público por ônibus movimenta 1,5 milhão de passageiros em Belo Horizonte.

Nas estações de ônibus de Barreiro, Diamante, Venda Nova e Vilarinho a paralisação foi total nos dois dias. Já a estação Venda Nova, que ficou fechada ontem, voltou a funcionar de maneira parcial nesta terça. Ao todo, 35% das linhas de ônibus funcionaram normalmente. Já 12% delas operaram parcialmente, e 53% tiveram fluxo precário, conforme boletim emitido pela BHTrans às 18h30.

De acordo com a polícia miliar, ônibus foram depredados no início da manhã no bairro Pompéia, região leste da capital mineira. Segundo a PM, homens não identificados atiraram pedras nos vidros dos veículos no momento em que saíam da garagem. A empresa recolheu os ônibus e abriria ocorrência à tarde.  Nesta segunda, o Setra-BH havia informado que cinco veículos foram depredados.

A Secretaria de Transportes de Minas Gerais informou que, além da capital, a greve teve uma adesão de 50% em 32 municípios da região metropolitana.