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Ônibus são apedrejados por rodoviários em greve no Rio; paralisação afeta 3 milhões de pessoas

Do UOL, no Rio

01/03/2013 10h19Atualizada em 01/03/2013 15h48

A Rio Ônibus (Sindicato das Empresas de Ônibus do Rio) informou que 170 ônibus foram apedrejados nesta sexta-feira (1º) por rodoviários grevistas que promoviam piquetes nas portas das garagens das empresas Pégaso e Viação Jabour, em Campo Grande, causando avarias em para-brisas, retrovisores e janelas, e ferimentos em nove motoristas. A paralisação no Rio afeta cerca de três milhões de pessoas na região metropolitana e na Baixada Fluminense.
 
A greve acontece justamente no dia do aniversário de 448 da capital fluminense, provocando caos em todas as regiões da cidade --a data não é considerada feriado. De acordo com a Rio Ônibus,

Segundo o secretário municipal de Transportes, Carlos Osório, em entrevista à "CBN", os veículos foram atingidos por "paralelepípedos, pedras e vidros quebrados", entre outros objetos, e motoristas foram agredidos.

De acordo com a Polícia Militar, não houve consequências mais graves em função dos atos de violência dos grevistas. O policiamento na região das empresas e na avenida Brasil, onde também ocorreram casos de ônibus apedrejados, foi reforçado.

Apenas cerca de 20% dos coletivos - meio de transporte usado por pelo menos 75% das viagens no município - estão circulando, segundo sindicalistas.

Transtornos

A paralisação causa transtornos na cidade desde a noite de quinta (28), quando foi decretada em assembleia da categoria. Motoristas e cobradores de ônibus bloquearam a avenida Brasil (uma das vias mais importantes da cidade) em protesto, por volta das 21h, o que causou lentidão no trânsito na altura do bairro de Guadalupe, zona norte da cidade.

Nesta manhã, sem ônibus nas ruas, passageiros se aglomeraram nos pontos. Muitos acabaram recorrendo às vans, que têm circulado lotadas. Multidões fazendo longos percursos a pé formam o cenário carioca desta sexta. Táxis fazem viagens lotados, cobrando às vezes R$ 20 por passageiro.

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  • Reynaldo Vasconcelos/Futura Press

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A Secretaria Municipal de Transportes e a CET-Rio informatam que os corredores do BRS estão liberados para embarque e desembarque de passageiros de táxis.

A SuperVia informou que até as 9hs atendeu a 26 mil passageiros a mais do que a média transportada nesse horário às sextas-feiras, o que representa 14% de acréscimo. O Teleférico do Alemão também registrou embarques adicionais, com 20% de acréscimo em relação ao mesmo período da semana passada.

No Twitter, usuários se queixam das dificuldades que têm tido para se deslocar na cidade. O internauta AJ Júnior (@ajrodriguezjr) desabafou: "Greve de ônibus, caos no metrô, vans lotadas. Assim começa a sexta-feira". Alice Tattianna (@alicetatianna) postou: "Depois de 50 minutos parada no ponto, eu descubro que os ônibus estão em greve".

Trabalhador não pode ser punido, diz prefeito

O prefeito do Rio de Janeiro, Eduardo Paes (PMDB), afirmou que a greve de 24 horas iniciada pelos rodoviários na madrugada desta sexta-feira (1º) tem o objetivo de "estabelecer pressões". Em entrevista à "TV Globo", o chefe do Executivo carioca pediu desculpas à população e disse esperar que as concessionárias "tenham responsabilidade".

Veja quais são as exigências da categoria

Piso de R$ 2 mil para motoristas
Piso de R$ 1,1 mil para cobradores
Fim da dupla função motorista/cobrador
Jornada de trabalho de seis horas
Pagamento de horas extras
Cesta básica de R$ 200
Plano de saúde (titular + três dependentes)
Vale refeição de R$ 15
Adicional de insalubridade

"A gente espera que as concessionárias de ônibus tenham responsabilidade. Se não tiverem, serão punidas por isso. O que não pode é o trabalhador ser punido. Um movimento desses no aniversário da cidade claramente tem a intenção de estabelecer pressões. Nós não vamos aumentar a passagem agora. Peço desculpas ao trabalhador carioca e espero que ao longo do dia a situação volte ao normal", afirmou.

Em nota, a Secretaria Municipal de Transportes afirmou que a paralisação liderada pelo Sindicato dos Rodoviários é parcial e, "ao longo das últimas horas, está sendo observado aumento gradativo da frota nas ruas do Rio".

O governo municipal também determinou que os quatro consórcios que exploram o transporte rodoviário na cidade "coloquem imediatamente a frota programada nas ruas". A Rio Ônibus recorreu à Justiça para que seja decretada a ilegalidade da greve. Segundo o sindicato, a negociação coletiva se encontrava em curso, não foi respeitado o período de 48 horas entre o anúncio e o início da paralisação e  não foi estipulada a quantidade mínima da frota que deveria permanecer em operação, de forma que a população não ficasse desassistida.

No BRT Transoeste, conhecido popularmente como Ligeirão, que liga Santa cruz à Barra da Tijuca, na zona oeste, estão funcionando apenas 22 ônibus articuladas --a frota média é de 80 veículos.

Alguns dos carros que foram apedrejados pertencem ao sistema do BRT. De acordo com a prefeitura, todas as estações do corredor Transoeste estão abertas e não há registro de tumulto.

Exigências

Os trabalhadores exigem aumento salarial, o fim da dupla função (quando o mesmo funcionário atua como motorista e cobrador), vale-alimentação, cesta básica e plano de saúde. A Rio-Ônibus, entidade patronal, oferece 8% de reajuste.

O salário atual do motorista pleno, o que já está há mais tempo na empresa, é de R$ 1.618, e do júnior, R$ 1.055. O sindicato pleiteia um piso de R$ 2 mil para ambos. Para cobradores, que ganham R$ 908, o novo salário seria de R$ 1,1 mil, um aumento de cerca de 12%.

"Na negociação, nós vamos pedir também o fim da dupla função motorista/cobrador, uma jornada de trabalho de seis horas, o pagamento das horas extras e não a contagem de banco de horas, uma cesta básica de R$ 200, plano de saúde para o titular e mais três dependentes, ticket refeição de R$ 15 e um adicional de insalubridade, como está na regulamentação da profissão", explica Costa. "Também queremos o fim dessa diferença de motoristas, pois ambos fazem o mesmo trabalho e estão sujeitos às mesmas multas".

A paralisação deve durar pelo menos até o início da tarde, porque está marcada para as 12h uma assembleia dos trabalhadores.