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Fundação Casa apura se houve facilitação na fuga dos menores

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Americana (SP)

07/03/2014 14h44

A Corregedoria Geral da Fundação Casa instaurou nesta sexta-feira (7) uma sindicância para apurar a fuga de oito adolescentes que estavam em uma van da instituição em Campinas (98 km de São Paulo). A fuga ocorreu na noite de quinta-feira (6), após voltarem de audiências no fórum da cidade. A corregedoria quer identificar se houve algum tipo de facilitação na fuga.

Segundo a Fundação Casa e a Polícia Civil campineira, os menores estavam algemados e seriam levados para o centro socioeducacional Andorinhas. Durante o trajeto, eles conseguiram render três funcionários que faziam a escolta e os jogaram para fora da van no km 136 da rodovia Dom Pedro I. O motorista também foi rendido e dirigiu por mais cinco quilômetros, antes de ser obrigado a pular com o carro em movimento. Nenhum dos agentes portava armas.

Um dos adolescentes assumiu a direção do veículo e fugiu com o grupo em direção à rodovia Anhanguera. Dois funcionários da fundação tiveram ferimentos leves e foram levados a um hospital da região. Até o momento, nenhum dos menores foi recapturado. O caso foi registrado no 4º Distrito Policial de Campinas.

A reportagem do UOL conversou com um dos monitores da Fundação Casa. Sob condição de anonimato, ele revelou que os funcionários temem quando têm que acompanhar menores em audiências. “Muitos são conhecidos no crime. Ficamos sobressaltados, imaginando se haverá tentativa de resgate ou algo do tipo”, disse.

De acordo com o José Vicente da Silva Filho, especialista em segurança pública, o temor dos monitores é fundamentado, embora ocorrências envolvendo menores sejam mais raras que as envolvendo presos adultos. “Essa é uma realidade. Infelizmente, alguns menores possuem destaque no mundo do crime. As autoridades precisam ficar atentas a essa realidade”, afirmou. Ele defendeu ainda as audiências feitas através de videoconferência como alternativa.

“Há economia de recursos humanos, os policiais não precisam sair às ruas e o risco de emboscadas é menor. Além disso, os gastos são significativamente menores”, disse.

Casos
Longe de ser incomum, a fuga de menores realizada na noite de quinta-feira é apenas mais uma da lista de tentativas – frustradas ou não. Em outubro do ano passado, cinco internos da Fundação Casa fugiram na volta de uma audiência no Fórum de São José dos Campos. Eles foram resgatados por dois homens antes de ser chegar à unidade prisional. Nenhum deles foi recapturado.

Em janeiro deste ano, internos da unidade Casa Laranjeira da Fundação Casa, em Mogi Mirim, fizeram uma rebelião, após tentativa de fuga. Durante a rebelião, dois funcionários da instituição foram mantidos reféns pelos internos. Eles não ficaram feridos.

Em dezembro de 2013, em Sorocaba, 31 dos 50 internos da unidade fugiram depois de um tumulto na Fundação Casa. Na ocasião, três funcionários foram feitos reféns durante o motim. Do grupo, 24 adolescentes foram recapturados. No mesmo mês, todos os 54 internos da Fundação Casa de Caraguatatuba conseguiram fugir da unidade.