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Incêndio em favela deixa 1.600 pessoas desalojadas na zona leste de SP

Incêndio de grandes proporções atinge barracos de comunidade na Penha, zona leste de São Paulo - Mariana Topfstedt/ Sigmapress/ Estadão Conteúdo
Incêndio de grandes proporções atinge barracos de comunidade na Penha, zona leste de São Paulo Imagem: Mariana Topfstedt/ Sigmapress/ Estadão Conteúdo

Camila Maciel e Daniel Mello

Da Agência Brasil, em São Paulo

02/04/2014 20h34

Cerca de 1.600 pessoas ficaram desalojadas após um incêndio destruir 90% da favela Fazendinha, na região da Penha, zona leste paulistana. Segundo a Defesa Civil Municipal, no terreno de 4.000 metros quadrados, pertencente à prefeitura, havia 400 barracos. O coordenador-geral em exercício do órgão, José Kato, disse que a Secretaria de Assistência Social está procurando um local para receber os desabrigados. Três pessoas –uma gestante e duas hipertensas– foram encaminhadas para um pronto-socorro.

Não há registro de mortos ou feridos pelo fogo. Também não há informações sobre o que causou o incêndio. Nesta quinta-feira (3), a Defesa Civil fará uma avaliação para verificar se a estrutura de um prédio em construção vizinho à favela foi danificada pelas chamas.

O Corpo de Bombeiros usou 30 viaturas no combate às chamas. Segundo a corporação, a primeira equipe chegou ao local dez minutos após o primeiro chamado, que ocorreu às 15h22. Às 18h, o incêndio já estava controlado.

Moradores e policiais militares entraram em confronto, após um grupo tentar furar o bloqueio feito para impedir que as pessoas entrassem na área atingida para retirar objetos pessoais. Segundo o major Macos Santiago, a tropa reagiu com bombas de efeito moral e balas de borracha à ação violenta dos manifestantes.

“Algumas pessoas jogaram pedras, por isso tivemos que atuar. Estamos conversando com os alguns moradores que fizeram o protesto. Entendemos a situação das pessoas, que ficam mais exaltadas. Por isso, tivemos que dispersar”, justificou o major que comanda os 60 policiais que fazem a segurança no local.

Os moradores ouvidos pela reportagem da Agência Brasil contestaram a versão da polícia. Eles negam ter agredido os policiais. “Como a gente ia jogar uma pedra se aqui está cheio de crianças?" , questionou Juliana Martins, de 19 anos. “É nosso direito protestar. Aqui já pegou fogo outras duas vezes, mas nunca acontece nada”, acrescentou a moça que trabalha como babá.

O líder comunitário Ronaldo Silva disse que a favela existe há seis anos e este é o terceiro incêndio que atinge a comunidade. “Já é a terceira vez que a gente passa por um incêndio e não fizeram nada. Eu mesmo já perdi tudo três vezes. O que as pessoas aqui querem é moradia”, ressaltou.

A auxiliar de limpeza Rosilda Maria de Oliveira morava com os três filhos e o marido no barraco que foi destruído pelas chamas. “Moro aqui há dois anos, já passei por dois incêndios. Mas da outra vez não perdi nada. Desta vez não restou nada”, contou.