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Agente penitenciário planejou roubo de armas em MG, diz a polícia

Agente penitenciário Marcos Antônio Rodrigues de Oliveira Nogueira, 38, seria o mentor do crime - Rayder Bragon/UOL
Agente penitenciário Marcos Antônio Rodrigues de Oliveira Nogueira, 38, seria o mentor do crime Imagem: Rayder Bragon/UOL

Rayder Bragon

Do UOL, em Belo Horizonte

23/04/2014 16h03Atualizada em 23/04/2014 20h39

A Polícia Civil de Minas Gerais divulgou nesta quarta-feira (23) detalhes do roubo de armamento da Central de Flagrantes, ocorrido no mês passado em Ribeirão das Neves, na região metropolitana de Belo Horizonte, e apontou o agente penitenciário Marcos Antônio Rodrigues de Oliveira Nogueira, 38, como mentor do crime.

A apresentação dele e dos demais acusados foi feita hoje no Deoesp (Departamento de Operações Especiais), em Belo Horizonte.

Nogueira, que estava há sete anos como agente carcerário, é acusado de ter dopado os outros agentes penitenciários que estavam em serviço no dia do roubo de 39 pistolas ponto 40 e seis submetralhadoras ponto 40, além de 1.600 munições. Conforme o delegado Bruno Wink, responsável pelo inquérito, o agente teve a ajuda do irmão Arthur Rodrigues Nogueira, 23.

Os dois estão presos juntamente com Washinton Luiz Soares, 48, acusado de ser intermediador na comercialização das armas, e Wanderley Metzker, 45, com quem foi encontrada uma das pistolas e pela qual ele pagou R$ 4,5 mil.

O quarteto foi preso durante o feriado prolongado em Ribeirão das Neves e a quase totalidade do armamento e da munição foi encontrada na casas deles e de um quinto suspeito que está sendo procurado.

A intenção dos irmãos, segundo a polícia, era obter dinheiro com a revenda do armamento e a munição.

Agente dopados

Conforme a investigação, no dia do roubo, Marcos Nogueira, que estava de serviço, usou o medicamento Rivotril para dopar os oito colegas ao preparar para eles uma salada de frutas e um suco, contendo o medicamento, dentro da central de escoltas, local onde ficam os agentes penitenciários responsáveis pela escolta de presos.

Um laudo feito pelo Instituto Médico-Legal de Belo Horizonte confirmou a presença do medicamento no suco, mas descartou a existência dele nas sobras da salada de frutas.

No entanto, a polícia atribuiu a isso o fato de o suspeito ter tido muito tempo para “mascarar” a cena do crime, descartando o alimento com o remédio. No local, não existem câmeras de segurança.

Um outro laudo, com resultados de exames de sangue e urina dos oito agentes e do próprio Nogueira, deverá ficar pronto ainda nesta semana.

Ao todo, foram recuperadas 33 pistolas, sendo que as demais ainda estão sendo procuradas, e todas as submetralhadoras, além de 1.500 munições. O policial afirmou que, inicialmente, está descartada a participação de outros agentes penitenciários no caso.

Outro lado

O agente Marcos Nogueira disse ter se arrependido do crime e afirmou que praticou o roubo em razão de uma dívida com um agiota, cujo nome ele não revelou, que estaria ameaçando matá-lo e também a sua família. Ele pediu desculpa aos familiares, aos colegas de trabalho e à sociedade.

“Esse ato impensado não foi por ganância. Eu estava com dívida com agiota, e o agiota ameaçou me matar. Essa dívida cresceu. Eu tinha pegado R$ 10 mil, mas ela passou a ser de R$ 30 mil”, afirmou. Segundo ele, a família passou a ser ameaçada.

“Esse ato impensado foi para proteger a integridade física dos meus familiares", disse.

Após falar com a imprensa, Nogueira passou mal, caiu no chão, e foi amparado pelos policiais, que o levaram a uma sala reservada. Em seguida, ele aparentemente se recuperou do mal-estar.

Wanderley Metzker afirmou que comprou a arma apenas para se proteger, já que seria possuído de um sítio na cidade mineira. Ele disse ter pagado R$ 4.500 pela pistola ponto 40 e afirmou não ter tido ciência de que ela pertencia ao Estado. Thiago Nogueira, irmão do agente, recusou-se a responder as perguntas dos jornalistas.

Disse, no entanto, ter ficado “profundamente’ arrependido de ter cometido o crime. Já Washinton Soares não falou com a imprensa.

A Seds informou que os servidores envolvidos foram afastados. Informou ainda que o diretor do presídio de Três Corações foi exonerado do cargo e após procedimento administrativo foi gerada uma multa de r$ 166 mil para a empresa do empresário Alvimar Costa. O órgão revelou ainda que está em curso mudança no processo de fiscalização dos contratos.