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Amigos e parentes de dançarino morto em favela fazem protesto no Rio

Gustavo Maia/UOL
Imagem: Gustavo Maia/UOL

Gustavo Maia

Do UOL, no Rio

24/04/2014 13h36Atualizada em 24/04/2014 20h23

Amigos e parentes do dançarino Douglas Rafael da Silva Pereira, o DG, morto na favela do Pavão-Pavãozinho, em Copacabana, na zona sul do Rio, realizam um protesto antes do enterro da vítima, marcado para 15h, no cemitério São João Batista, em Botafogo, também na zona sul.

O grupo, que saiu em passeata da comunidade em direção ao cemitério, veste uma camisa personalizada com a foto de Douglas. Pelo menos 50 manifestantes gritam palavras de ordem contra a UPP (Unidade de Polícia Pacificadora) do Pavão-Pavãozinho, e pedem "Justiça". A família acusa a Polícia Militar pela morte do jovem.

No começo do ato, os manifestantes passaram pela creche onde DG foi encontrado morto. Nesse momento, uma equipe da Polícia Civil realizava uma diligência no local. Os policiais foram hostilizados pelo grupo, que repetiu o grito de "Fora UPP". Não houve tumulto.

Na avenida Nossa Senhora de Copacabana, uma das principais vias do bairro, interditada em função do ato, pelo menos 10 mototaxistas se juntaram ao protesto, que é acompanhado de perto por policiais militares. Os PMs foram chamados de covardes pelos manifestantes. Algumas lojas fecharam as portas, mas não houve princípio de violência.

Das janelas dos prédios da avenida, vieram muitas demonstrações de apoio, ovacionadas pelos manifestantes. O grupo também gritou uma frase ouvida com frequência em manifestações públicas: "Sem hipocrisia, essa polícia mata pobre todo dia".

Por volta das 13h45, o grupo chegou ao local onde o corpo da vítima está sendo velado. Eles foram recebidos com aplausos pelos amigos e parentes de DG que já se encontravam no cemitério.

A mãe de DG, Maria de Fátima Silva, ficou revoltada com a presença de policiais militares durante a manifestação e no entorno do cemitério. "Eles mataram o meu filho e ainda têm coragem de vir pra cá. Eu tenho nojo. Quem convidou eles? Eles querem confronto? Eu tenho o direito de me despedir do meu filho só com a família e os amigos dele", disse ela.

A movimentação dos manifestantes pelas ruas da zona sul foi acompanhada de perto por um grupo de turistas canadenses curiosos. "Nunca tinha visto nada como isso. Quando estudamos o Brasil na escola não imaginei que a situação estava assim. Mas eu acho bom que eles se manifestem pelo que acreditam", afirmou Breanne Philips. 17, que passou nove dias no Rio de Janeiro e volta ao Canadá nesta quinta.