Transporte fluvial em SP é viável, diz especialista durante viagem no Tietê
Muitos motoristas que enfrentam diariamente o trânsito das marginais Pinheiros e Tietê na cidade de São Paulo observam os respectivos rios vazios, enquanto as ruas estão tomadas por milhares de carros. Nesta terça feira (17), o segundo dia da Semana Mundial da Mobilidade, a reportagem do UOL embarcou em um ônibus anfíbio e experimentou navegar pelas águas --ainda mal cheirosas-- do rio Tietê.
O embarque aconteceu logo abaixo do complexo do Cebolão, um pouco a frente da ponte dos Remédios, na zona oeste. A viagem foi tranquila, apesar do forte odor presente, do acúmulo de lixo e da presença de urubus nas margens do rio. Foram cerca de 30 minutos navegando, antes de retornar para o mesmo local.
Segundo o professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP (Universidade de São Paulo) Alexandre Delijaicov, responsável pelo Grupo Metrópole Fluvial - que também estava a bordo-- a viabilidade o uso das hidrovias como uma alternativa para o transporte público da cidade de São Paulo é concreta.
"Tanto o governo do Estado de São Paulo, quanto a prefeitura estão agindo para implementar as hidrovias urbanas da metrópole. O governo já construiu a primeira eclusa urbana [do complexo do Cebolão] e está construindo a segunda hidrovia urbana do Brasil na Penha [bairro da zona leste]. (...) A Prefeitura de São Paulo, no Plano Diretor estratégico, incluiu um artigo para implementação do sistema hidroviário municipal de parque e portos fluviais visando o transporte de cargas e passageiros", disse.
Ainda segundo o professor, não dá para comparar a eficiência do metrô e do barco, já que o transporte subterrâneo por trilhos ainda é o mais eficaz, o transporte fluvial aparece como uma alternativa cuja implementação é mais barata.
A saída ideal para resolver o caos do transporte da cidade, explica ele, seria promover a multimodalidade, isto é, incentivar o uso e a combinação dos transportes públicos terrestres e aquáticos.
"Já existem aqui [em São Paulo] três canais e dois lagos artificiais, o rio Tietê, de 45 km navegáveis, o rio Pinheiros inferior, de 10 km navegáveis, o Pinheiros superior, de 17 km navegáveis, a [represa] Guarapiranga, que tem mais de 200 km de margem, e a Billings, com mais de 50 km de margem. É um potencial de navegação fluvial urbana que nós não podemos nos dar ao luxo de desprezar", completou.
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