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Cantareira tem melhor março em 7 anos, mas período chuvoso abaixo da média

Nilton Cardin/Estadão Conteúdo
Imagem: Nilton Cardin/Estadão Conteúdo

Do UOL, em São Paulo

01/04/2015 06h00

O sistema Cantareira teve o mês de março mais chuvoso dos últimos sete anos, mas o levantamento do período de chuva – de novembro a março – mostra que a situação do abastecimento de água em São Paulo permanece preocupante. O volume de chuva sobre as represas do sistema nos últimos cinco meses foi o mais alto desde 2011, porém ainda ficou abaixo da média histórica.

De 1º de novembro até esta terça-feira (31), o volume de chuva sobre o sistema foi de 978 mm, quase o dobro dos 514 mm da temporada anterior. Não chovia tanto desde a temporada 2010-2011, que acumulou 1.185 mm entre novembro e março.

Apesar disso, os 978 mm ficaram abaixo da média do Cantareira nas temporadas chuvosas, que é de 989 mm. Os cálculos feitos pelo UOL se baseiam em dados que remontam a 1983 e foram fornecidos pela Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).

Em março, no entanto, choveu 206,5 mm sobre as represas do sistema, a marca mais alta para o mês em sete anos –a precipitação acumulada em 2008 foi de 211 mm. Em 2014, por exemplo, a chuva de março ficou em 193 mm.

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O resultado da temporada não foi melhor porque as chuvas não tiveram tanta intensidade entre novembro e janeiro. Em janeiro (148,2 mm), choveu menos que a metade do acumulado em fevereiro (322,4 mm).

No começo de 2014, antes do agravamento da crise, o Cantareira abastecia 8,8 milhões de pessoas e era o principal sistema da região metropolitana de São Paulo. Depois de remanejamentos feitos pela Sabesp, o Cantareira abastece hoje 5,6 milhões de habitantes, abaixo do Guarapiranga, que supre 5,8 milhões.

Sistema mais afetado pela crise, o Cantareira entrou no volume morto --reserva de água que só é retirada com bombeamento– e está com 14,7% de sua capacidade.

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Alto Tietê

No Alto Tietê, terceiro maior sistema da região e o segundo mais afetado pela crise, o mês de março foi o mais chuvoso em nove anos. A chuva acumulada chegou a 186,5 mm, acima dos 158 mm de 2014, mas inferior aos 316 mm de março de 2006.

Na temporada de novembro a março, a chuva acumulada no sistema atingiu a marca de 893 mm. O índice supera os 648 mm da temporada 2013-2014, porém fica abaixo dos 1.031 mm do período 2012-2013. Responsável pelo abastecimento de 4,5 milhões de pessoas, o Alto Tietê está com 22,8% de sua capacidade.

Temporada seca

Em todos os sistemas, o nível das represas não depende somente da chuva e do volume retirado para consumo. Também depende dos rios que abastecem as represas. No caso do Cantareira, chuvas no sul de Minas Gerais, por exemplo, podem elevar os níveis dos rios e do sistema mesmo que não chova sobre as represas.

O nível do Cantareira vem subindo há 25 dias, mas a chegada de abril marca o início da temporada mais seca. De acordo com o Inmet (Instituto Nacional de Meteorologia) e o CPTEC (Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos), a chuva nos próximos meses deve se manter dentro da média para o período no Estado de São Paulo. Ou seja, com chuvas menos intensas, os níveis das represas tendem a cair, e a situação deve se agravar novamente.

A Grande São Paulo entra nesta quarta-feira (1º) na temporada de estiagem com um estoque de água 34% menor do que há um ano, quando a situação já era crítica. Na segunda-feira (30), de acordo com dados da Sabesp, havia 588 bilhões de litros disponíveis nos seis sistemas que abastecem cerca de 20 milhões de pessoas na região, ante 893,6 bilhões de litros acumulados em 31 de março de 2014.