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Justiça dá liberdade provisória a PMs envolvidos em morte de travesti em SP

A travesti Laura Vermont morreu após ser agredida por PMs, segundo as investigações - SBT
A travesti Laura Vermont morreu após ser agredida por PMs, segundo as investigações Imagem: SBT

Do UOL, em São Paulo

25/06/2015 17h05Atualizada em 25/06/2015 20h41

Os dois policiais militares suspeitos de matar uma travesti na zona leste de São Paulo, no último sábado (20), receberam liberdade provisória do Tribunal de Justiça do Estado nessa quarta-feira (24). Eles estavam provisoriamente detidos no Presídio Militar Romão Gomes, na zona norte da capital.

O juiz Antonio Maria Patiño Zorz, do Tribunal da Barra Funda, foi quem proferiu a decisão. O sargento da PM Ailton de Jesus, 43, e o soldado Diego Clemente Mendes, 22, pediram redução do valor da fiança, e o juiz concordou em deixá-la em um salário minimo para cada um. O valor foi pago e eles deixaram o presídio para aguardar o processo em liberdade.

Segundo a Polícia Civil, a travesti Laura Vermont, nome adotado por David Laurentino de Araújo, 18, foi a uma festa na avenida Nordestina, na região da Vila Jacuí, na madrugada de sábado. Lá, brigou com outra travesti e ficou com ferimentos no rosto e em outras partes do corpo.

A Polícia Militar foi chamada e os dois agentes suspeitos tentaram apartar a briga. Laura escapou da abordagem, fugiu dirigindo o carro dos policiais, mas acabou batendo em um poste.

Em seguida, ainda de acordo com as investigações, teria sido alcançada e começou a ser agredida pelos PMs, que só pararam com a chegada da família da travesti, que a levou para um hospital próximo, onde morreu.

Tiro no braço

De acordo com laudo do Instituto Médico-Legal, Laura levou pelo menos um tiro no braço da arma de um dos policiais envolvidos na ocorrência. Os dois PMs também são acusados de forjar provas e de prestar declarações mentirosas na delegacia para escapar da prisão.

Inicialmente, os PMs contaram na delegacia que após fugir no carro oficial e bater em um poste, a travesti ainda bateu a cabeça contra um muro e, mesmo atordoada, saiu andando e bateu a cabeça em um ônibus.

Os PMs disseram que levaram Laura para o hospital. Eles apresentaram uma testemunha que, depois, confessou que teve de escrever em um papel o que iria dizer no depoimento para não prejudicar os policiais.

A farsa só foi descoberta porque a mãe de Laura ligou para a Corregedoria da PM e também localizou testemunhas que desmentiram os policiais. As informações são do jornal "O Estado de S. Paulo".

Outro lado

Após a decisão da Justiça, o advogado do policial Diego Clemente Mendes, Fernando Capano, disse que o cliente tem "residência fixa, vínculo formal de emprego e nunca se envolveu em algo parecido com isso antes, então não tinha por que não responder em liberdade", disse.

Sobre as mudanças de versão e possível espancamento da travesti, ele disse que Laura já estaria bastante machucada quando os policiais chegaram, e que Diego sustenta tudo o que disse em seu primeiro depoimento na delegacia. Sobre o tiro no braço da vítima, Capano declarou que "não pode adiantar se partiu de Diego ou de Ailton. Foi uma ocorrência muito diferente".

Capano disse ainda que aguarda uma possível denúncia do Ministério Público e também o laudo do IML (Instituto Médico Legal) com a causa da morte para preparar a defesa de seu cliente, mas Diego teria afirmado "categoricamente" para o advogado que não é responsável pelo homicídio.

A defesa do sargento Ailton de Jesus não foi encontrada pela reportagem.

* Com informações da Agência Estadão