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Águas do rio Tietê ficam pretas em Salto, no interior de SP

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto (SP)

06/07/2015 14h21

Nove meses depois de registrar intensa mortandade de peixes, as águas do rio Tietê voltaram a apresentar coloração escura na região de Salto (a 101 km de São Paulo) durante o fim de semana. A Cetesb afirmou que o fenômeno foi causado pelas chuvas. Segundo a prefeitura da cidade, ao contrário da ocorrência de novembro, não houve mortandade de peixes e o rio continua sendo monitorado.

Segundo Anna Isolani, 53, professora e administradora da comunidade Rio Tietê - Rio da Vida no Facebook, o fenômeno começou a ser observado no sábado (4). "Eu filmei [isso] no sábado de manhã do Complexo da Cachoeira. Triste constatação. Águas negras, espuma abundante. Nosso Tietê está morrendo", disse ela.

No vídeo gravado por ela, é possível ver sujeira e uma espuma escura. Segundo ela, há reclamação de quem mora às margens do rio sobre o mau cheiro. "Eu conversei com moradores, eles relataram que o cheiro é insuportável. Também tivemos o episódio da espuma tóxica em Bom Jesus da Pirapora. Eu nasci em Salto e passei minha infância brincando às margens do Tietê, limpo. Estou escrevendo um livro infantil sobre esse tema. É triste ver que o rio está sendo morto", disse.

Apesar das imagens, entretanto, o secretário de Meio Ambiente de Salto, João Conti Neto, informou que, embora tenha sido constatado o escurecimento da água, não houve mortandade de peixes. "Acreditamos que, por conta do alto volume de chuvas na região metropolitana de São Paulo, especialmente em Barueri, onde choveu mais de 55 milímetros, o fundo do rio tenha sido revolvido. Mas não se trata de um problema da mesma gravidade do registrado no ano passado", conta.

Mexida no solo

Procurada, a Cetesb informou que, no monitoramento que foi feito, ficou constatado que a alteração na coloração da água se deve à chuva, que levou até o rio resíduos do solo, além de revolver materiais que estavam em repouso no próprio leito do rio.

A Cetesb ressaltou ainda que esse fenômeno é comum quando ocorre chuva intensa, principalmente após longos períodos de estiagem. A companhia ainda disse que, durante as últimas vistorias, realizadas no domingo à tarde, a água estava com coloração menos escura, mais próxima do normal registrado na cidade.

Ainda segundo Conti, o fato de o rio estar com vazão baixa ajudou. “Com o aumento de vazão, todos os dejetos ficam misturados, são revolvidos do fundo do leito do rio. Mas visitamos pontos do rio no sábado e no domingo para monitorar o caso. Já passamos um relatório para a Cetesb, que também acompanha”, explica.

Água com cores

A água acinzentada não é a primeira coloração diferente registrada no Tietê no trecho que corta Salto. Em novembro do ano passado, as águas ficaram completamente negras. Na sequência, houve mortandade de pelo menos 40 toneladas de peixes no Tietê e afluentes da região.

Em dezembro, outro rio que corta a cidade, o Jundiaí, ficou com a água rosada. Na ocasião, foi investigado se houve descarte irregular de produtos químicos, mas ficou constatado que a coloração que passou para a água veio de uma planta comum nas margens do rio e cuja flor libera uma substância de coloração rosada.

No mês passado, também no Tietê, mas na vizinha Pirapora do Bom Jesus (a 54 km de São Paulo), houve intensa formação de espuma tóxica. A espuma, formada por detergente e produtos químicos, pode ser prejudicial à saúde e chegou a tomar vias e atingir casas. Também houve registro da espuma em outras cidades da região de Itu, inclusive Salto.