Médico achado morto no RS chefiava UTI na pandemia: 'Se dedicou ao máximo'

Um homem que exibia boa saúde, sem doenças, cheios de planos para reformar a casa e, acima de tudo, dedicado a cuidar das pessoas. É assim que os amigos e familiares de Leandro Medice Passos Costa, 41, lembram dele. O médico capixaba foi encontrado morto em um abrigo de São Leopoldo (RS), na manhã de ontem.

Leandro saiu no último final de semana de Vila Velha (ES) para ajudar as pessoas que sofreram com as fortes chuvas na cidade. Há uma suspeita de que ele possa ter tido um mal súbito. Familiares estão no estado para fazer o reconhecimento e translado do corpo.

Paixão por cuidar de pessoas

Desde pequeno, Leandro já dava sinais de que escolheria a medicina para ajudar a cuidar das pessoas. Sempre carismático e acolhedor, assim que saiu do ensino médio ingressou na primeira faculdade de fisioterapia. Em seguida, deu início ao curso de medicina na Universidade Iguaçu em Itaperuna (RJ). Concluiu o curso em dezembro de 2009 e passou dois anos na residência em cardiologia.

A partir de 2010, se dedicou a trabalhar em hospitais públicos e particulares no Espírito Santo, como o Jones dos Santos Neves, referência no tratamento de queimados. Em 2012, ingressou como médico socorrista no Samu. Paralelo à função, atuou como clínico geral no Hospital Evangélico.

Atuação na pandemia e instituto de estética

O médico, com vasta experiência em fisioterapia, foi peça fundamental para atender toda a demanda durante a pandemia da covid-19, no estado capixaba.

Nos conhecemos no Samu e depois nos reencontramos no Hospital Evangélico. Eu estava como intensivista lá e ele era um dos meus plantonistas. Ele chefiava a UTI, e na pandemia se dedicou ao máximo todos os dias. Todos os colegas aplaudiam o trabalho dele. Hoje, nesse mesmo hospital, vivemos um clima de velório. Todo mundo abalado com essa fatalidade, explicou Thiago Rodrigues ao UOL.

Leandro Medice estava em São Leopoldo (RS) como médico voluntário
Leandro Medice estava em São Leopoldo (RS) como médico voluntário Imagem: Reprodução/Instagram

Leandro permaneceu no hospital como chefe da UTI (Unidade de Terapia Intensiva) até o final do ano de 2021, quando abriu o próprio instituto de estética com o companheiro e uma amiga. O local carrega o sobrenome do médico e se tornou uma referência no processo de implante capilar em homens e mulheres. O tratamento humanizado era destaque dos pacientes.

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Acredito que a competência humana e técnica devem caminhar lado a lado. O atendimento me fez sentir tranquila e segura. Pensei que sentiria muitas dores e meu sistema nervoso bem abalado, porém o Dr. Leandro com o seu preparo psicológico e técnico desmistificou todos esses sentimentos fazendo me sentir super bem, relatou Nina Aroeiras ao falar sobre o profissionalismo de Medice.

Quem trabalhava diretamente com ele, reforçou o zelo e cuidado com as pessoas e a alegria durante os atendimentos na clínica. "Ele sempre fazia amizade com os pacientes. Estava sempre sorrindo. Se importava bastante com os resultados. Era amigo de todos", disse Guilherme Augusto, instrumentador cirúrgico estético.

Esbanjava saúde

Segundo amigos, Leandro esbanjava saúde e nos últimos dias chegou a passar por uma bateria de exames para saber como estava. O médico buscava manter o porte físico invejável pelos colegas de trabalho. A academia e a boa alimentação eram constantes no dia a dia de Medice. Ele estava em um bom momento na carreira e feliz com os resultados do sucesso de toda a dedicação ao trabalho.

Um cara, de 41 anos, no auge da carreira, um dos caras mais conhecidos aqui na Grande Vitória. Vinha gente dos Estados Unidos fazer implante com ele, de outros países. Estava faturando muito bem, mas resolveu simplesmente fechar a agenda para ir lá ajudar o próximo. Ele desembarcou numa missão humanitária, isso já fala por si só sobre quem ele era de verdade. Ele era um cara fantástico, não tem uma pessoa que possa falar mal dele. Ele se doava demais pelas pessoas, vai fazer muita falta todos os dias para nós, finalizou o médico Thiago Rodrigues.

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