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Mãe diz que vizinho que matou menina em Conchal (SP) ajudou nas buscas

Vizinho confessou ter matado a menina Ana Gabrielle, de acordo com a polícia - Arquivo pessoal
Vizinho confessou ter matado a menina Ana Gabrielle, de acordo com a polícia Imagem: Arquivo pessoal

Eduardo Schiavoni

Do UOL, em Ribeirão Preto

25/08/2015 15h38

Réu confesso na morte da menina Ana Gabrielle Santos Ferreira, 6, o catador de laranja Marcelo Pedroni, 31, ajudou nas buscas e chegou a ligar para a polícia pedindo segurança. O corpo da menina foi encontrado na última quinta-feira em Conchal (a 176 km de SP), onde ela morava, cinco dias depois do sumiço. Emocionada, a mãe da menina chamou o assassino de monstro e disse acreditar que outras pessoas possam estar envolvidas na morte.

De acordo com o depoimento de Pedroni, ele matou a menina no sábado e ocultou o corpo em sua casa por cinco dias. Com medo de que o cheiro despertasse a curiosidade dos vizinhos, jogou o corpo em um terreno próximo. Antes disso, entretanto, havia participado das buscas.

"Não acompanhei tudo porque estava muito abalada, mas minha irmã contou que ele se propôs a ajudar, chegou a ir para a rua procurando pela minha filha", disse a mãe da menor, Suzana dos Santos Ferreira.

Tia da menina, Rosângela Alves Ferreira, que mora no mesmo condomínio que o criminoso, disse que ele mostrou preocupação durante as buscas e ajudou ativamente os grupos que tentaram encontrar a menina. "Ele bateu na minha porta, quis ajudar, chegou até a sair para a rua para procurar. E, na verdade, a minha sobrinha estava morta, embaixo da cama dele", afirmou a tia.

Suzana disse que apenas conhecia Pedroni de vista. “Eu já tinha visto ele algumas vezes quando estive na casa da minha irmã, mas nunca troquei palavra. Agora, o que quero é justiça. Quero que ele apodreça na cadeia, que não saia nunca", disse. Ela ainda o chamou de "monstro cruel e sem coração". "Minha menina era um doce, uma criança meiga. Ele nem conhecia ela. Não sei o que levou esse monstro a matar a Ana Gabrielle, mas espero que ele seja punido, que apodreça na cadeia", disse.

Outra suspeita

A Polícia Civil de Conchal informou que, embora Pedroni tenha confessado que matou a menina no mesmo dia do rapto, em 15 de agosto, o caso ainda segue sob investigação. Ele está preso na cadeia de Itirapina.

Já a mulher dele, que não teve a identidade divulgada, foi retirada da cidade. Os dois filhos do casal estão sob custódia do Conselho Tutelar. 

A família da vítima, entretanto, considera que outras pessoas possam ter participado do crime ou ajudado Pedroni a ocultar e se livrar do corpo. "Eu acho estranho um corpo ficar dentro de uma casa, ainda mais um apartamento tão pequeno, embaixo de uma cama, por cinco dias, e ninguém perceber. Não sei se a mulher fez ou não alguma coisa, se sabia ou não, mas espero que essa situação seja investigada", disse Rosângela.

A Polícia Civil informou que não descarta a participação de outras pessoas no crime, mas que não divulgaria detalhes do caso para não prejudicar as investigações.

O caso

A menina Ana Gabrielle Santos Ferreira desapareceu em 15 de agosto, um sábado, à noite, quando passava o dia com a tia Rosângela Alves Ferreira, em um apartamento localizado no Conjunto Habitacional Ângela Calef. No local também estavam o namorado da tia, a filha de dez anos e outra sobrinha de três meses.

Segundo relato da tia, em determinado momento, ela teve de descer as escadas para atender a irmã, que havia ido buscar a menina de três meses. A filha dela foi junto e Ana Gabrielle ficou no apartamento com o namorado de Rosângela, que estava cochilando.

Ela permaneceu cerca de cinco minutos fora de casa e, quando voltou, não encontrou a menina. O namorado da tia afirmou, na ocasião, que a menina tinha saído atrás da tia logo em seguida. A partir de então, a família mobilizou toda a cidade em uma campanha, repercutida também nas redes sociais, para encontrá-la. 

O corpo da garota foi encontrado cinco dias depois, em um terreno nas proximidades do local do desaparecimento, depois de uma denúncia anônima. Ela tinha o corpo enrolado em um lençol, as mãos amarradas e uma faca cravada no pescoço. Ela foi enterrada no dia seguinte.

As investigações levaram a polícia até Pedroni, que admitiu o crime, mas não informou quais razões motivaram a morte. Ele disse que tinha consumido drogas e bebidas, mas relatou que não tentou estuprar a menina. Segundo a polícia, ele não teria demonstrado arrependimento.