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Vítima de chacina era inteligente e dedicada ao jiu-jítsu, diz colega

Marcelo Freire

Do UOL, em Campinas (SP)

01/01/2017 23h11Atualizada em 02/01/2017 11h16

O instrutor de jiu-jítsu Patrick Gonçalves Chaplin, 37, lembrou neste domingo (1º) da aluna e amiga Larissa Ferreira de Almeida, 24, assassinada junto com outras 11 pessoas em Campinas durante uma festa familiar de Réveillon.

Presente ao velório de Larissa e das outras vítimas, mortas por Sidnei Ramis de Araújo, 46, Patrick contou que a jovem, formada em logística, planejava iniciar um curso de engenharia de produção, mas isso não afetava sua dedicação aos treinos do esporte que praticava há cerca de dois anos e meio.

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Patrick Gonçalves Chaplin fala sobre Larissa, uma das vítimas da chacina de Campinas
Imagem: Marcelo Freire/UOL

“Foi terrível para toda a equipe. Ela era muito inteligente, esforçada e dedicada. Participava de todos os eventos da academia, mesmo trabalhando e estudando. Vai deixar muita saudade”, diz o amigo.

Ele disse ter ficado sabendo pela TV, mas se recusou a acreditar. “Depois vi no Facebook dela e vi que aconteceu mesmo. Pegou todo mundo de surpresa”, lamentou.

O enterro das 12 vítimas aconteceu nesta segunda-feira (2), no Cemitério da Saudade.

Visitas restritas

O autor da chacina foi acusado pela mulher, Isamara Filier, 41, de abuso sexual contra o filho do casal, João Victor Filier de Araújo, 8, no processo de regulamentação de visitas em 2012. A Justiça considerou que as acusações “não eram cabalmente comprovadas”, mas estipulou regras de convívio restritas.

Na decisão, foi determinado que a criança, que tinha três anos na época da disputa judicial, deveria ser "protegida, mas não deve ser afastada totalmente do convívio paterno". Desde então, Araújo tinha autorização para visitar o filho em domingos alternados, na casa de Isamara, entre 9h e 12h. O pai tentava reverter o regime de visitação determinado pela Justiça, sem sucesso, de acordo com consultas a decisões judiciais no Diário de Justiça Eletrônico.

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A chacina

Segundo a Polícia Militar, pouco antes da meia-noite do dia 31, ele pulou o muro da residência onde as pessoas estavam e abriu fogo com uma pistola 9 mm. Em seguida, atirou contra a própria cabeça. 

Das vítimas fatais, 11 morreram no local e uma a caminho do hospital. Outras três pessoas foram atingidas pelos disparos e encaminhadas para os hospitais da Unicamp, Ouro Verde e Mario Gatti.

O técnico de laboratório Sidnei Ramis de Araújo escreveu cartas revelando seus planos de matar a família. Os textos, um direcionado ao filho e o outro a uma namorada, haviam sido enviados para amigos antes do crime.