Cariocas relatam medo após ataques a ônibus no Rio: "Terra sem lei"
Quem se deslocava pela zona norte do Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (2) relatou momentos de pânico na cidade. Após uma operação da Polícia Militar para acabar com a guerra entre traficantes no bairro de Cordovil, nove ônibus e dois caminhões foram incendiados por criminosos.
O empresário Paulino Madeira, 61, é um dos motoristas que se deparou com coletivos queimados. Ele conta que, ao chegar ao bairro, próximo à estação de trem, encontrou um ônibus em chamas.
“Tive que fugir do local. Muitos motoristas começaram a manobrar para buscar outro caminho. Ninguém passava. Eu estou no Rio há 40 anos e, devido a esses problemas de violência, comecei a estudar rotas alternativas para fuga. Evitei as vias principais, optei por vias internas e consegui sair do local.”
Já o comerciante Rafael de Oliveira, 34, disse que conseguiu observar a fumaça dos coletivos incendiados quando estava na ponte Rio-Niterói. “Estava chegando ao Rio e pensei: 'Nossa! Será que o Rio está em guerra?'. Sintonizei logo o rádio para saber o que estava acontecendo.”
Oliveira, que estava a caminho de Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, disse que devido às informações de violência preferiu evitar a avenida Brasil e optou pela Linha Vermelha para fugir dos focos de violência.
“Demorei duas horas e meia da ponte até Nova Iguaçu. Neste horário demoraria 45 minutos. Me deparei com tudo fechado pela polícia. Não tive por onde seguir e tive que esperar no carro.”
Flavio Junger, morador de Piedade, também na zona norte, disse que viu a fumaça do terraço de casa. Ele conta que evita totalmente a região de Cordovil devido aos problemas de segurança.
“Cordovil está parecendo um Estado à parte. Terra sem lei. Evito circular por lá. Não há segurança. Aliás, tenho evitado sair no Rio de maneira em geral. Nem barzinho mais frequento."
Operação PM
A cidade do Rio de Janeiro está em estágio de atenção desde as 10h50 devido aos episódios de violência desta terça-feira.
De acordo com a PM, a Cidade Alta foi alvo de uma invasão por traficantes de comunidades rivais. Moradores relataram intenso tiroteio durante toda a madrugada. Logo cedo, policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope), do Batalhão de Ações com Cães (BAC) e dos batalhões de Olaria (16º BPM) e Maré (22º BPM) fizeram cerco aos criminosos em uma megaoperação.
Em represália à ação da PM, dez veículos foram incendiados. Devido aos ataques, motoristas tentaram voltar na contramão e passageiros de outros coletivos que passavam na região ficaram em pânico. O congestionamento na cidade, por volta das 11h, atingiu 66 km.
Até as 16h, 32 fuzis, quatro pistolas e 11 granadas foram apreendidos durante a ação na Cidade Alta. Três PMs ficaram feridos por estilhaços, sem gravidade.
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