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ONG diz que PM invadiu escola no Rio e usou local como base de operação na Maré

Cápsulas de arma de fogo foram encontradas dentro da escola Oscar Paiva Camelo, na Maré - Divulgação/Redes da Maré
Cápsulas de arma de fogo foram encontradas dentro da escola Oscar Paiva Camelo, na Maré Imagem: Divulgação/Redes da Maré

Do UOL, no Rio

07/07/2017 11h03

A ONG Redes da Maré acusou, em nota divulgada na noite de quinta-feira (6), a Polícia Militar do Rio de invadir o colégio municipal Osmar Paiva Camelo durante operação no Complexo da Maré, na zona norte carioca. Segundo o comunicado, PMs teriam arrombado o portão da escola e utilizado o prédio da unidade como base.

A ação, realizada durante a manhã e a tarde de quinta, tinha o objetivo de reprimir o tráfico de drogas nas comunidades da Maré. Na ocasião, homens do BAC (Batalhão de Ações com Cães) apreenderam drogas. Moradores relataram em redes sociais intensos tiroteios durante o dia.

De acordo com a ONG, após a invasão ao colégio, PMs teriam alvejado a caixa d'água, danificando-a e provocando derramamento de água. "De dentro da escola a PM atirou com armas de grosso calibre contra uma área ao redor na comunidade Nova Holanda. Como a região é altamente populosa, a polícia gerou enorme risco da população ser atingida por seus disparos", informou a ONG.

A reportagem enviou um pedido de resposta à assessoria de comunicação da PM, às 8h54. Não houve retorno até 11h.

No momento da ação, não havia estudantes, professores ou funcionários na escola Osmar Paiva Camelo. As aulas haviam sido suspensas por conta dos tiroteios.

Segundo a Secretaria Municipal de Educação, mais de 4.000 alunos ficaram sem aula nesta quinta nas unidades educacionais da Maré e do entorno --14 escolas, duas creches e sete EDIs (Espaços de Desenvolvimento Infantil). A Redes informou que alguns postos de saúde também fecharam.

Dados coletados pela ONG indicam que, de janeiro a maio de 2017, moradores do conjunto de favelas da Maré foram impactados por 13 dias de confrontos armados, 16 dias de operações policiais, 14 dias sem aulas e 19 dias sem funcionamento dos pontos de saúde. No mesmo período, segundo levantamento, 18 pessoas morreram e 15 ficaram feridas.

Quem matou Vanessa?

Reportagem do UOL, publicada na quarta-feira (5), mostra que, nos últimos dez anos, ao menos 35 crianças morreram vítimas de bala perdida no Estado, conforme pesquisa feita pela ONG Rio de Paz. Foram cinco óbitos somente neste ano, na zona norte dacidade. Mais da metade dos casos (22) verificados na última década ocorreu nos últimos dois anos e meio, informou a organização.

O último ocorreu na terça-feira (4), quando Vanessa Vitória dos Santos, 11, foi atingida na cabeça por um disparo de arma de fogo, na porta da casa onde morava, na comunidade Camarista Méier, no Complexo do Lins. Essa é uma das regiões atendidas pelo projeto das UPPs (Unidades de Polícia Pacificadora).

O pai da vítima, o pedreiro Leandro Monteiro de Matos, acusa policiais militares de terem invadido o imóvel atrás de criminosos. Segundo ele, o tiro teria partido de um PM durante confronto com traficantes da favela. No entanto, apenas a perícia da Polícia Civil poderá indicar a real origem do disparo. A Divisão de Homicídios está investigando o caso.