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Interventor não definiu futuro dos comandos das forças de segurança do Rio

O general Walter Braga Netto, comendante do CML (Comando Militar do Leste) e interventor federal no Rio -  Pedro Ladeira/Folhapress
O general Walter Braga Netto, comendante do CML (Comando Militar do Leste) e interventor federal no Rio Imagem: Pedro Ladeira/Folhapress

Marina Lang

Colaboração para o UOL, no Rio

17/02/2018 18h25

Ainda não haveria uma decisão por parte do interventor federal no Estado do Rio, general Walter Souza Braga Netto, quanto a uma eventual troca dos atuais comandos da Segurança, segundo fontes que estiveram na reunião deste sábado (17) envolvendo o militar, o presidente Michel Temer e outras autoridades no Palácio do Guanabara, em Laranjeiras (zona sul do Rio).

Durante a reunião, também não teriam sido abordadas estratégias operacionais de como as polícias e as Forças Armadas atuarão no território fluminense durante o período de intervenção. 

O general Braga Netto teria dito: “é ‘fake news’ [a informação de] que eu vou afastar a cadeia de comando”, segundo afirmou uma fonte à reportagem. A afirmação teria sido motivada por rumores não confirmados por fontes independentes de que os comandantes seriam trocados ou entregariam seus cargos.

Como interventor, Braga Netto poderá eventualmente fazer mudanças nas estruturas das secretarias de Administração Penitenciária (Seap) e Segurança Pública, no comando das Polícias Militar e Civil, e no Corpo de Bombeiros.

Estiveram presentes na reunião, além do presidente Michel Temer e do general Braga Netto, o ministro da Fazenda Henrique Meirelles, membros da cúpula do Governo Federal, autoridades estaduais, membros do Judiciário e o prefeito do Rio, Marcelo Crivella (PTB). Temer, Meirelles, Crivella e o governador do Rio, Luiz Fernando Pezão (MDB) saíram sem falar com a imprensa.

Durante a reunião, Meirelles teria permanecido em silêncio, mas Temer teria dito aos participantes que a presença dele e do ministro do Planejamento, Dyogo Oliveira, ocorre porque eles estariam “conscientes de que o governo federal terá que empregar recursos” na intervenção federal.

Mesmo sem a definição da atuação operacional das Forças Armadas durante a intervenção, a reunião foi considerada produtiva pelos participantes.

“Foi uma reunião importante para que o presidente pudesse esclarecer às autoridades do Rio de Janeiro, aos representantes do Poder Legislativo estadual e federal, as intenções e o direcionamento do governo federal. Acho que ela foi positiva nesse sentido, mas ela não acrescentou nada objetivo do ponto de vista operacional dos próximos passos”, declarou o deputado estadual Carlos Osorio (PSDB).

Segundo a "Agência Estado", um dos objetivos da reunião teria sido fazer uma deferência ao governador do Rio para que não pareça que o governo federal está atropelando o estadual.

“O que o governo federal precisa entender é que não há alternativa para o Rio de Janeiro que não dê certo. É a nossa última bala de prata”, declarou Osorio.

“Agora, para que dê certo, será necessária uma injeção pesada de recursos financeiros na reestruturação da Polícia Civil, da Polícia Militar do Rio de Janeiro e também na recuperação da capacidade de ação social do Estado. Se isso não for resolvido, o risco de dar errado é grande. Espero que o governo federal tenha saído daqui (da reunião) com essa consciência. Não adianta soldados e tanques apenas”, afirmou o deputado tucano.

“É necessário que, junto aos soldados e tanques, venha o reequipamento da polícia local porque quem entende de Rio de Janeiro é a Polícia Civil e a Polícia Militar. A questão da segurança do Rio de Janeiro é mais complexa. Se não houver investimento na capacidade de segurança do Rio de Janeiro e investimentos pesados na área social, nós perderemos essa oportunidade”, disse.