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Polícia investiga vingança por dívida em chacina de família em Florianópolis

Fachada do apart-hotel Venice Beach, na praia de Canasvieiras, onde cinco pessoas foram achadas mortas - Aline Torres / UOL
Fachada do apart-hotel Venice Beach, na praia de Canasvieiras, onde cinco pessoas foram achadas mortas Imagem: Aline Torres / UOL

Aline Torres

Colaboração para o UOL, em Florianópolis

09/07/2018 11h59

A Polícia Civil disse que investiga motivação de vingança por dívidas na chacina que deixou cinco mortos, todos da mesma família, em um apart-hotel em Canasvieiras, no norte de Florianópolis, na última sexta-feira (6).

Anteriormente, eles disseram acreditar que houvesse participação de membros da facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital), por conta das pichações encontradas nas paredes. Mas agora passaram a considerar a pista como blefe para desviar a atenção.

O delegado Anselmo Cruz, diretor da Deic (Diretoria Estadual de Investigações Criminais), e o diretor de polícia da Grande Florianópolis, Vérdi Furlanetto, afirmaram ao UOL que o patriarca da família, Paulo Gaspar Lemos, 78, teve problemas financeiros e deixou negócios para trás em São Paulo e em Santa Catarina. Ele respondia a quatro inquéritos policiais por estelionato.

Segundo a reportagem apurou com um amigo da vítima, ele teria declarado falência de uma revenda de carros em São Paulo e se mudado com os filhos para capital catarinense havia dez anos. 

Já em Florianópolis, ele era proprietário de um salão de festas avaliado em R$ 60 milhões, a Arena Spazzio, situada no bairro Vargem Grande, de uma mansão em Jurerê internacional, do hotel Venice e de uma coleção de mais de cem carros antigos.

A família também havia escolhido viver em Florianópolis após o sequestro de Paulo Júnior, quando eles moravam na capital paulista. 

O pai Paulo, os três filhos --Júnior, 51, Katya, 50 e Leandro, 44-- e o sócio Ricardo Lora, 39, foram encontrados estrangulados, após serem submetidos a oito horas de tortura psicológica.

"No cerne da tragédia há problemas comerciais. A locadora, o hotel, ações trabalhistas. São diversas questões que envolvem [o crime]", disse o delegado Furlanetto.

Entre as pichações encontradas nas paredes do hotel, estavam a frase "Minha família foi justiçada. Enrolaram muita gente, chegou a hora deles" e número 171, o artigo do Código Penal sobre estelionato.

Imagens de câmeras de segurança foram roubadas

Os criminosos levaram do apart-hotel dois veículos da família e o aparelho de gravação do sistema interno de monitoramento. A polícia trabalha com imagens das câmeras dos prédios da vizinhança, ouvindo uma série de testemunhas e na perícia dos dois veículos que já foram encontrados.

De acordo com os investigadores, os três bandidos eram profissionais, estavam encapuzados e usando luvas. Eles teriam chegado a procurar um cofre, mas não encontraram.

Ricardo Lora, sócio de Leandro, foi enterrado neste sábado (7) em Caxias, no Rio Grande do Sul. Já a família Gaspar Lemos foi sepultada na tarde de domingo no cemitério Jardim da Paz, em Florianópolis.