"Doutor Bumbum" aceitava permuta e marcava consulta via aplicativo, relata paciente
Foragido da justiça, o médico Denis César Barros Furtado, conhecido como "Doutor Bumbum", marcava procedimentos estéticos via aplicativo de mensagens e aceitava permuta (troca de serviços) como pagamento. É o que relatou ao UOL uma das pacientes do médico, sob condição de anonimato, que tinha agendado uma bioplastia nas nádegas com o médico em agosto em Brasília.
"Eu tive contato com o Denis pelas redes sociais. Combinamos de fazer o procedimento pelo WhatsApp. Como tenho uma empresa na área de construção civil em Brasília, ofereci serviços de reforma em troca de procedimentos estéticos. Ele topou e já estava tudo certo. Até combinamos de dividir o valor em dez vezes", conta ela, que havia acertado pagar R$ 23.650,00 pelo procedimento --parte dele em serviços.
"Ele nunca me disse se o procedimento seria em uma clínica ou na casa dele", disse a paciente, que afirma ter ficado assustada quando soube do histórico do médico, já que ele se mostrava "carismático e atencioso" com as clientes.
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Denis, de 45 anos, e a mãe, Maria de Fátima Barros Furtado, de 66, tiveram a prisão temporária decretada na terça (17) e estão foragidos. Mãe e filho são investigados pela morte da bancária Lilian Calixto, 46, na madrugada de domingo (15) após realizar um procedimento no apartamento do médico, na Barra da Tijuca. Nesta quarta, a Justiça rejeitou um pedido de habeas corpus da defesa dos dois.
Em nota, a advogada Naiara Baldanza, que representa Furtado e a mãe dele, afirmou que é "precoce" responsabilizar os dois pela morte da paciente.
Outras ocorrências
A Polícia Civil do Distrito Federal investiga ao menos 15 ocorrências contra o médico o Doutor Bumbum, como era conhecido nas redes sociais. Segundo o delegado responsável pelas investigações, o médico tinha uma clínica clandestina que funcionava na QI 23 do Lago Sul, área nobre de Brasília.
As ocorrências foram feitas nas delegacias do Lago Sul, Asa Norte e na Coordenação de Repressão aos Crimes Contra o Consumidor, a Ordem Tributária e a Fraude (Corf). Em novembro do ano passado, Furtado foi indiciado quatro vezes pela Polícia Civil por exercício ilegal de medicina e crime contra o consumidor. Na época, foram apreendidos medicamentos, três armas de fogo e munições. Ele ainda responde processo na Justiça sobre isso.
"Muitas pacientes vieram até a 10ª Delegacia de Polícia insatisfeitas, lesadas e denunciando de que o médico e a mãe dele estariam atuando de forma ilegal. Constatamos que ele fazia atendimento em clínicas que não tinha alvará, autorização da Vigilância Sanitária, nem inscrição junto ao CRM-DF para funcionar", explica o delegado responsável pelas investigações, Paulo Márcio Meireles Rodrigues.
O delegado afirma que o fato do médico não atender em horários convencionais, ir até a casa dos pacientes em regiões diferentes do país e fazer os procedimentos em residências dificultaram as investigações.
"É um caso complexo. Mas a polícia do Distrito Federal e também de Brasília estão trabalhando juntas. Inclusive, os procedimentos investigativos foram encaminhados para o Ministério Público do Distrito Federal e Territórios."
Médico não tinha especialidade
Por meio de nota, o Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal disse que Furtado não possui especialidade registrada na entidade e que responde por processo ético-profissional. Em março de 2016, ele também teve o exercício da profissão suspenso por três meses. O caso corre em segredo de Justiça.
"O CRM-DF ressalta a importância do paciente se informar quanto a especialidade registrada do médico antes de se submeter a qualquer tratamento e que os procedimentos devem ser realizados em clínicas e hospitais registrados nos conselhos regionais de medicina", recomenda a nota.
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