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Comissões do Congresso convidam embaixador dos EUA para esclarecer espionagem

Do UOL, em Brasília

10/07/2013 13h45Atualizada em 10/07/2013 16h37

A Comissão de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados aprovou na manhã desta quarta-feira (10) requerimento para convidar o embaixador dos Estados Unidos, Thomas Shannon, para esclarecer as denúncias de espionagem no Brasil por agências norte-americanas.

À tarde, senadores e deputados da Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência também aprovaram requerimento para ouvir o embaixador.

Reportagem publicada neste domingo (7) pelo jornal "O Globo", baseada em documentos do ex-consultor da Agência de Segurança Nacional (NSA) americana Edward Snowden, mostra que os serviços de inteligência dos Estados Unidos interceptaram milhões de e-mails e chamadas telefônicas no Brasil.

Segundo o jornal, "na última década, pessoas residentes ou em trânsito no Brasil, assim como empresas instaladas no país, se tornaram alvos de espionagem da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos". "Não há números precisos, mas em janeiro passado o Brasil ficou pouco atrás dos Estados Unidos, que teve 2,3 bilhões de telefonemas e mensagens espionados", acrescenta o texto.

Para Valente, ainda há muita informação sobre a espionagem americana que será revelada. Em sua opinião, Edward Snowden, ex-técnico da CIA que denunciou o esquema da Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos, a NSA, é detentor de mais documentos sobre as operações de vigilância que ainda virão à publico.

Além do requerimento de Ivan Valente, foram aprovados outros nove que também tratam do assunto, requerendo a presença do jornalista do "The Guardian", Glenn Greenwald (que entrevistou Snowden e mora no Brasil), dos ministros das Relações Exteriores, Antônio Patriota, da Defesa, Celso Amorim, da Justiça, José Eduardo Cardoso, das Comunicações, Paulo Bernardo, e da Segurança Institucional, general José Elito Siqueira, e de representantes da Abin, da Polícia Federal, da Anatel e da Telebrás.

Audiência no Senado

Hoje, Patriota, Amorim e Elito foram à comissão análoga do Senado falar sobre o assunto

O ministro das Relações Exteriores disse que, se ficar confirmado que havia escutas do governo americano em postos diplomáticos do Brasil, isso seria "inaceitável" e configuraria "flagrante violação" de sigilo.

Já o ministro da Defesa, Celso Amorim, disse que o país se encontra vulnerável: "a situação que a gente se encontra hoje é de vulnerabilidade. Por mais que tenhamos proteção de informação sigilosa, a mera detecção de quem se comunica com quem, com que frequência, o tipo de contato que é mantido é uma informação de valor analítico para qualquer adversário que nós venhamos a ter fora do país".

O ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República, José Elito Carvalho Siqueira, explicou que o sistema de segurança do país é bastante confiável, mas que a tecnologia do Brasil precisaria "alçar voos mais altos para atingir uma excelência".

Ele citou como exemplo as tentativas de ataque hackers durante a Rio +20. "Houve "mais cem ou 200 interferências por hora, tentando dar um blecaute no sistema, especialmente, na cerimônia de abertura, mas graças a esse sistema de proteção não aconteceu."