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Após crise diplomática, Dilma se reúne hoje com presidente da Bolívia no Suriname

Do UOL, em São Paulo

30/08/2013 06h00

Após o mal-estar diplomático entre Bolívia e Brasil em razão da remoção do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira em La Paz, onde estava asilado, no último domingo (25), a presidente Dilma Rousseff e o presidente Evo Morales vão se encontrar pela primeira vez para discutir o caso.

Quem é o senador Roger Pinto Molina

  • Jorge Bernal/AFP

    Idade: 53 anos
    Região da Bolívia: eleito pela província de Pando, no norte do país
    Partido: Convergência Nacional (oposição ao governo Evo Morales)
    Acusações: Assassinato de camponeses em 2008; desacato ao presidente Evo; desacato à ministra da Transparência e Anticorrupção; dano ambiental; corrupção e desvios na Zona Franca de Cobija, entre outros
    Defesa: O senador nega os desvios em Cobija e diz ser perseguido pelo governo de Evo Morales

Será nesta sexta-feira (30), durante a reunião de chefes de Estado e de governo da Unasul (União de Nações Sul-Americanas), no Suriname.

Tanto Dilma quanto Evo já tinham participação prevista na reunião, mas a presidente fez questão de formalizar o encontro com o boliviano, que deve ocorrer à tarde, em separado.

A expectativa é de que o incômodo diplomático seja substituído pelas boas intenções de cordialidade no relacionamento entre vizinhos.

Por telefone, na quarta-feira (28), Dilma conversou rapidamente com Evo sobre o incidente envolvendo a saída do senador Pinto Molina, sem autorização do governo boliviano e com apoio de um diplomata brasileiro, e o comunicou do desligamento do ministro das Relações Exteriores, Antônio Patriota, como parte das medidas diante do “grave episódio”.

Alegando perseguição política, Roger Pinto Molina passou 15 meses na embaixada do Brasil em La Paz. Com ajuda do então encarregado de negócios da embaixada, Eduardo Saboia, o senador saiu do país, escoltado por fuzileiros navais brasileiros, e entrou no Brasil por Corumbá (Mato Grosso), de onde seguiu para Brasília, onde está hospedado atualmente.

Entenda o caso envolvendo o senador boliviano Roger Pinto

  • Arte/UOL

    28.mai.2012 - Durante encontro com embaixador, o senador boliviano Roger Pinto, da oposição ao presidente Evo Morales, pede asilo político ao Brasil
    8.jun.2012 - O governo brasileiro concede asilo e é criticado por Evo Morales dias depois
    19.jul.2012 - Governo boliviano sobe o tom e acusa o embaixador brasileiro de fazer "pressão"
    2.mar.2013 - Um acordo bilateral decide criar uma comissão para analisar o caso de Roger Pinto
    17.mai.2013 - O advogado do senador pede que o Supremo Tribunal Federal pressione o Itamaraty
    23.ago.2013 - Por volta das 15h, saem da embaixada brasileira em La Paz Roger Pinto, o diplomata brasileiro Eduardo Saboia e dois fuzileiros navais, em dois carros diplomáticos oficiais. Eles percorrem mais de 1.500 km por terra em uma viagem de mais de 22 horas
    24.ago.2013 - Na tarde deste sábado, os carros chegam a Corumbá, no Mato Grosso do Sul e, à noite, pegam um jatinho de um empresário amigo do senador brasileiro Ricardo Ferraço (PMDB-ES) rumo a Brasília
    25.ago.2013 - Roger Pinto, Ferraço e Saboia chegam a Brasília
    26.ago.2013 - O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, deixa o cargo

A retirada do senador, realizada sem o conhecimento do governo brasileiro, teria como motivo razões humanitárias. Saboia alegou que o senador estava deprimido e dava sinais de que pretendia se suicidar. O diplomata foi removido ontem de seu posto na embaixada em La Paz.

Presidente quer devolução de senador

Na quarta-feira (28), Evo Morales pediu que o senador Roger Pinto Molina seja “devolvido” à Bolívia, onde responde a mais de dez processos na Justiça, tendo sido condenado em um deles a um ano de prisão.

Pinto Molina já requereu pedido de refúgio ao Comitê Nacional para Refugiados (Conare), que pode levar cerca de um mês para se posicionar. E ainda caberá recurso da decisão no Ministério da Justiça e no Judiciário.

Unasul marca estreia de novo chanceler

O episódio transformado em crise culminou na saída de Antonio Patriota do ministério das Relações Exteriores, sendo substituído por Luiz Alberto Figueiredo Machado, que irá estrear como chanceler no Suriname.

Representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Figueiredo Machado tomou posse na quarta-feira (28) como Ministro de Relações Exteriores. Patriota foi indicado pela presidente Dilma Rousseff para ocupar o posto na ONU.

A Unasul é formada pelos 12 países da América do Sul e foi criada em 2008 para possibilitar articulação entre seus componentes.